A Fundação Nacional de Saúde (Funasa) vai fazer uma pesquisa inédita para saber como anda a alimentação dos índios. O estudo vai analisar, principalmente, a situação alimentar e nutricional das mulheres em idade fértil (entre 14 e 49 anos) e de crianças com menos de cinco anos, para promover políticas públicas adequadas às populações indígenas.
O presidente da Funasa, Danilo Forte, explicou que um dos objetivos do estudo é saber quais são as diferenças existentes entre os povos indígenas para elaborar soluções específicas para cada região. “Os costumes, a alimentação, o tipo de comportamento, são diferentes. Têm comunidades que são nômades, outras são fixas. Cada etnia, cada aldeia dessas têm um comportamento alimentar, nutricional e cultural totalmente diversificado”, disse.
O estudo, que vai custar cerca de R$ 3,5 milhões, será feito em parceria com a Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (Abrasco), e financiado pelo Banco Mundial.
O pesquisador do Grupo de Saúde Indígena da Abrasco Ricardo Ventura Santos disse que além de saber como está a alimentação dos índios, a pesquisa vai determinar as principais causas dos problemas que afligem essas comunidades.
“A questão nutricional envolve uma multiplicidade de determinantes, que vão desde a questão do saneamento, à exposição a doenças diarréicas e pneumônicas, até causas muito mais amplas relacionadas à forma de inserção das sociedades indígenas na sociedade brasileira como um todo, incluindo o tamanho das terras indígenas, a inserção no mercado de trabalho, as oportunidades educacionais e o serviço de saúde prestado”, afirmou.
Santos destacou o ineditismo da pesquisa. “Nós temos pesquisas nacionais para a população brasileira desde a década de 70, mas não temos uma caracterização ampla para as populações indígenas. O que nós temos são estudos de casos de algumas etnias em regiões específicas no Brasil”, lembrou.
O pesquisador disse que, além de fazer questionários sobre os hábitos dos índios, os pesquisadores vão medir e pesar os índios, coletar sangue para medir a hemoglobina e colher dados nos serviços de saúde da região.
O mapeamento da situação alimentar e nutricional dos índios brasileiros começa em janeiro do ano que vem, e até dezembro de 2008 os resultados devem estar concluídos.
(Por Sabrina Craide, Agência Brasil, 18/12/2007)