A área de ocupação de 37 espécies arbóreas da Mata Atlântica brasileira seria reduzida em média 25%, nos próximos 50 anos, caso a temperatura aumentasse em torno de 2º C em razão do aquecimento global. Se for considerado um aumento maior da temperatura, de 4ºC, por exemplo, a perda calculada seria em média de 50%. O cenário é apresentado pelo biólogo Alexandre Falanga Colombo em sua dissertação de mestrado desenvolvida no Instituto de Biologia (IB). Trata-se do primeiro estudo feito no país na área de modelagem preditiva relacionada às mudanças do clima para a Mata Atlântica.
Estudo é o primeiro do gênero feito no país
O biólogo foi orientado pelo professor Carlos Alfredo Joly. Colombo lançou mão de ferramentas como mapas e algoritmos com o objetivo de dimensionar as probabilidades de redução de áreas das espécies como conseqüência do aquecimento global. Ele estudou 37 espécies e, para cada uma, traçou três cenários diferentes: a situação atual e as previsões otimistas e pessimistas para os próximos 50 anos. “É provável que haja uma real diminuição da área potencial de ocorrência dessas espécies, mas a idéia é contribuir para mostrar o tamanho do problema e propor algumas soluções possíveis para minimizar as conseqüências”, analisa o biólogo.
Segundo ele, os resultados apontam um deslocamento das áreas de vegetação para áreas mais frias, entre as quais, por exemplo, a Região Sul. A questão, no entanto, é que a fragmentação impede esse deslocamento natural. “Em razão da grande fragmentação dos remanescentes florestais e da modificação do uso do solo pelo homem, a tendência é que o problema se agrave ainda mais nos próximos anos”.
Colombo defende várias ações que poderiam evitar a redução das áreas verdes remanescentes. Algumas dessas propostas seriam o estabelecimento de corredores de vegetação, o aumento das áreas de proteção ambiental e melhor fiscalização da devastação, além de programas de manejo para as matas ciliares. O biólogo acredita que este tipo de ação poderá minimizar o impacto das mudanças climáticas. “Não que o quadro seja de fim do mundo, mas é necessária a adoção de políticas que contemplem os fenômenos mais recentes”, avalia.
(Por Raquel do Carmo Santos, Jornal da Unicamp, 18/12/2007)