Rodrigo de Oliveira Ambrósio, um dos seguranças envolvidos no confronto armado durante a reocupação da Fazenda Experimental da Syngenta Seeds, em Santa Tereza do Oeste, em 21 de outubro, se entregou à polícia no último sábado (15) às 10h. O segurança, que está preso na 15º Subdivisão de Polícia Civil de Cascavel, no Oeste do estado, estava foragido da Justiça desde a terça-feira (11), quando teve a prisão preventiva decretada. Ele estava de férias numa fazenda no interior de São Paulo.
Além dele, a Justiça decretou a prisão dos seguranças Alexandre de Jesus e Alexandre Magno Winche Almeida e de Nerci de Freitas (dono da empresa de segurança NF) - todos detidos ainda na terça-feira. Os dois líderes do movimento Via Campesina, Celso Ribeiro Barbosa e Célia Aparecida Lourenço, que também tiveram decretadas as prisões, continuam foragidos da Justiça.
Ambrósio é apontado pelo COPE (Centro de Operações Policiais Especiais), que conduziu as investigações, como o responsável pela disparo que matou o líder sem-terra Valmir Mota de Oliveira, conhecido como Kenun. "Na verdade os três seguranças e o dono da empresa responderão pelo crime de homicídio, tentativa de homicídio e lesões corporais", explica a advogada Edinéia Sicbneihler, que representa os seguranças.
Habeas-corpus
Nesta segunda-feira (17), a advogada ingressou com um pedido de habeas-corpus para os quatro clientes. "Estamos alegando que o pedido de prisão preventiva não tem fundamento, já que em outubro foram pedidas as prisões deles e a Justiça negou", disse. "Porque mudaram de idéia agora se nada de novo aconteceu", completou a advogada.
Celso Ribeiro Barbosa e Célia Aparecida Lourenço, líderes da Via Campesina, foram responsabilizados pela morte do segurança Fábio Ferreira de Souza, da empresa NF Segurança. Os dois vão responder pelos crimes de homicídio, lesões corporais e tentativa de homicídio. A advogada Gisele Cassano, que defende Célia e Barbosa, informou que ainda está estudando o processo e que por isso prefere não se manifestar sobre o caso. Sobre o paradeiro dos clientes, Gisele não confirmou - mas também não negou - que na terça-feira Barbosa e Célia estavam no exterior.
Audiência na quinta-feira
Na próxima quinta-feira (20) acontece a primeira audiência sobre o caso - na 1º Vara Criminal de Cascavel. Todos as 19 pessoas denunciadas pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) devem ser ouvidas. A promotora Fernanda Nagl Garcez, que conduz o processo, está de férias. O promotor Carlos Alberto Hohmann Schoinski, que substitui Fernanda, foi procurado pela reportagem, mas preferiu não comentar o caso.
Reviravolta
A investigação sobre a reocupação da Fazenda Syngenta teve uma reviravolta depois que o MP-PR pediu a prisão dos dois líderes da Via Campesina. O inquérito feito pelo COPE pedia, inicialmente, o indiciamento do dono da empresa NF e de nove seguranças - todos por envolvimento na morte do líder do sem-terra. Segundo o COPE, Celso Barbosa seria indiciado não pela morte do segurança, mas por invasão à propriedade alheia (esbulho possessório). O COPE entrou no caso por determinação do Secretário de Segurança Pública do Paraná (Sesp), Luiz Fernando Delazari. O motivo: para "evitar interferências na investigação".
(Gazeta do Povo, 18/12/2007)