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2007-12-18
Em nome do projeto de desenvolvimento do Espírito Santo, Paulo Hartung vem vendendo a instalação do megaempreendimento siderúrgico da parceria Baosteel-Vale como um verdadeiro “milagre econômico” para Anchieta e o sul do Estado. Para a ambientalista Ilda de Freitas, no entanto, o projeto faz parte de um plano pessoal do governador e não contempla os interesses sociais da população.

Em entrevista a edição de Século Diário deste fim de semana (15 e 16), a diretora do Progaia (Programa de Ação e Interação Ambiental) disse que Paulo Hartung foi identificado como o instrumento ideal para atender aos interesses das grandes empresas que se instalaram no Estado. “O projeto pessoal dele está acima de tudo. A pessoa determina seu objetivo lá na frente e não importa o que esteja pelo caminho. Um governante que é patrocinado por megaempresas e que tem uma imensa disponibilidade irrestrita e permanente para se sentar com os dirigentes dessas grandes empresas, mas que não tem essa mesma disponibilidade para se sentar com os representantes da população para escutar os seus problemas, não tem sensibilidade social”, avaliou Ilda.

Segundo a militante, o processo de instalação do complexo siderúrgico em Anchieta – que inclui também a construção de um novo porto de águas profundas, a ferrovia Litorânea Sul e ampliação das usinas de pelotização da Samarco - está sendo blindado pela grande mídia e instituições para que o projeto continue como está, ou seja, acima de qualquer suspeita. “O povo não tem informação e vai continuar sem tê-la. Isso impede que as pessoas avaliem verdadeiramente esse governo. É só você olhar os níveis de aprovação do governo que são altíssimos (se referindo as últimas pesquisas de aprovação de Paulo Hartung). Agora, se ele tivesse sensibilidade social, os esforços para se criar as condições para que houvesse um desenvolvimento sustentável estariam sendo feitos. O que nós vemos são problemas na saúde, educação e segurança”, apontou.

Ilusão do crescimento

Na avaliação de Ilda, está evidente que o governador Paulo Hartung não está preocupado com as questões sociais que já são grandes na região e vão se torna ainda maiores com a instalação do complexo siderúrgico. Para a ambientalista, o binômio desenvolvimento econômico-emprego está sendo vendido como moeda de ouro para justificar os impactos sociais na região. “O povo não tem outra informação e acaba comprando dessa forma”.

Ilda aponta que a geração de empregos não passa de uma grande ilusão. “Por exemplo, essa pessoa que está desempregada hoje vai passar a sonhar em ter um emprego na construção do empreendimento, só que logo depois isso também acaba. O que vai acontecer? Esse cidadão vai ter emprego por um ou dois anos, durante o processo de construção do complexo industrial. Nossa, que ótimo! Ele vai ter um salário por esse período. Mas isso não muda nada. É uma grande ilusão. E depois, quais serão suas perspectivas? Essas perspectivas só serão transformadas com uma melhor infra-estrutura nas áreas de saúde, educação, segurança etc. Infelizmente, as pessoas não enxergam isso. Eles se aproveitam dessa ingenuidade para vender a pílula dourada do emprego”.

Ela aponta que os postos de trabalho gerados com o megaempreendimento são na verdade, na sua grande maioria, empregos temporários. Ilda adverte que isso não é sinônimo de benefício para a região e sim malefício. “Eles falam em desenvolvimento econômico como a grande salvação, mas nós sabemos que esse tipo de desenvolvimento econômico que está sendo praticado no Espírito Santo é sinônimo de miséria, de favelização, de violência, de promiscuidade, de caos. A proposta é destruir o que existe sem colocar nada no lugar. E quem sai ganhando com isso são as grandes empresas”.

Ilda de Freitas afirma que a Vale e a Baosteel só optaram pelo Espírito Santo porque sabiam que aqui seus interesses seriam prontamente atendidos. Ela diz que aqui os empresários encontraram os atores dispostos a aceitar as regras do jogo. “Você lembra que eles (Baosteel-Vale) foram antes para o Maranhão e quebraram a cara?”.

(Por José Rabelo, Século Diário,18/12/2007)



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