Nas primeiras horas da manhã de sábado, dois mutuns, ave rara e ameaçada de extinção, romperam os ovos e encantaram biólogos e veterinários.
A espécie, também chamada de mutum-cavalo, tem cerca de 80 centímetros, cor preta com detalhes dourados entre as pernas e bico grande e arredondado, como o de um papagaio.
– Esperávamos para esta semana, mas vieram um pouco antes. Eles são lindos de se ver – disse um dos proprietários do Quinta, André Sittoni Goelzer, 23 anos.
O responsável técnico do criatório, o veterinário Erico Pereira, não tem notícia de reprodução da ave em cativeiro no Estado. A bióloga Fernanda Rauber, do grupo de fauna do Ibama do Rio Grande do Sul, recebeu a notícia pela manhã e comemorou o nascimento, valorizando as boas condições do criatório, sem as quais os animais não se reproduziriam.
– Todo animal ameaçado de extinção é de interesse científico. Em um futuro, com pesquisa, será possível uma tentativa de preparar filhotes para repovoar a natureza. É interessante, porque podemos também entender a dinâmica dos animais e por que eles estão sumindo – disse a bióloga.
O Quinta da Estância Grande é o conservatório mais antigo entre os 52 cadastrados no Estado. Além do trabalho de conservação de animais, muitos deles encaminhados pelo Ibama, o local trabalha com educação ambiental, recebendo 55 mil alunos por ano. No local, com cerca de dois hectares só para os animais, há tucanos, tartarugas e jabutis, iguana, gato do mato, harpia, carcarás, catetos, tachãs e capivaras.
(Zero Hora, 17/12/2007)