Portaria 301 deve ser publicada, hoje, no Diário Oficial e normatizará compra de cortes de outros estados
A partir de hoje, os frigoríficos já podem solicitar à Secretaria da Agricultura (Seapa) a autorização para trazer carne com osso de estados livres de febre aftosa com reconhecimento apenas nacional. No entanto, a medida chega tarde para a indústria, já que os trâmites devem inviabilizar a colocação dos cortes nas gôndolas dos supermercados a tempo das compras para o feriadão de Natal.
A portaria 301/2007 da Seapa, que será publicada no Diário Oficial do Estado de hoje, permite o ingresso de carne com osso de estados com status sanitário declarado pelo Ministério da Agricultura (Mapa) de livre de aftosa desde que atendam normas. O estabelecimento de destino deve estar registrado no SIF ou na Cispoa e requerer liberação prévia junto ao Departamento de Produção Animal (DPA).
O local de origem precisa ter SIF e o produto estar embalado e identificado ou, no caso de peças, apresentar etiqueta de lacre. O transporte das cargas será feito por um dos seis corredores sanitários: Iraí (BR 158), Goio-En (SC 480), Vacaria (BR 116), Marcelino Ramos (BR 153), Barracão (BR 470) e Torres (BR 101).
A nova portaria revoga a 147. 'Como tem estados que não estão liberados, a fiscalização será rigorosa', apontou o secretário João Carlos Machado.
O presidente do Sicadergs, Ronei Lauxen, avaliou positivamente as normas para a entrada de carne. 'Acho que é bom manter o controle.' No entanto, afirmou que os frigoríficos estavam mais interessados que a portaria tivesse sido publicada há dez dias. 'Para o Natal, está apertado', ressaltou.
O presidente da Farsul, Carlos Sperotto, não acredita que a abertura possa resultar em queda da cotação do boi no RS. 'Os preços praticados nesses estados é superior ao daqui', afirmou. Contudo, garantiu que, caso os frigoríficos tragam mercadorias para vender mais barato, o produtor está disposto a segurar o boi no campo.
Ontem, os sindicatos rurais de cinco municípios divulgaram nota em contrariedade à liberação dos cortes e ao risco sanitário. 'O que nos preocupa é a questão técnica. Não há problema de abastecimento, pois está difícil de colocar o gado gordo', disse o presidente do Sindicato Rural de Dom Pedrito, Frederico Wolf. Sperotto alegou que a Farsul foi favorável à solicitação de uma IN ao Mapa. 'Com o aval do ministério, não temos como ir contra, mas a responsabilidade é do Mapa.'
(Correio do Povo, 18/12/2007)