No Dia Internacional dos Direitos Humanos, 10/12, a Via Campesina e o MST lançaram a campanha "Syngenta Fora do Brasil", motivada pelo assassinato de Valmir Mota de Oliveira, o Keno, por uma milícia armada, em Santa Tereza do Oeste, no Paraná, em 21 de outubro. No Ceará, cerca de 250 trabalhadores rurais fizeram um protesto na área da empresa na localidade de Cajazeiras, município de Aracati.
Em São Paulo, 500 trabalhadores rurais ocuparam fábrica da Syngenta no município de Paulínia, próximo a Campinas, deixando paralisadas as operações da unidade de produção de agrotóxicos. No Espírito Santo, cerca de 300 trabalhadores rurais ocuparam o trevo da Safra na BR-101 Sul, entre os municípios de Cachoeiro de Itapemirim e Itapemirim (ES), para protestar contra a atuação das empresas transnacionais no Brasil, em especial da Syngenta Seeds.
Em Sergipe, um protesto de 1.500 trabalhadores rurais paralisou o trânsito da ponte que liga Alagoas a Sergipe, entre Porto Real do Colégio e Propriá, em solidariedade à greve de fome do bispo Luiz Flávio Cappio contra a transposição do Rio São Francisco e também em memória do companheiro Keno, como parte da Campanha "Syngenta Fora do Brasil".
Na Paraíba foi realizada uma série de mobilizações em quatro municípios. Em Sapé, foi fechada a BR-230, na altura do café do vento, com 500 pessoas. Em João Pessoa, aconteceu uma mobilização na avenida D. Pedro II com 200 pessoas. Em Campina Grande, na região da Borborema, houve uma panfletagem e uma passeata com 200 pessoas. Em Patos, no médio sertão, 300 pessoas entregaram materiais sobre a morte de Keno.
Até agora, nove seguranças privados e o proprietário da NF Segurança, Nerci Freitas, foram responsabilizados no inquérito policial sobre a tentativa de expulsão sem autorização judicial de 200 famílias que tinham ocupado laboratório de experimentos ilegais da empresa suíça.
Na semana passada, a Justiça Federal do Estado do Paraná julgou ilegais as atividades desenvolvidas pela Syngenta no extremo oeste do estado, como denuncia a Via Campesina desde a primeira ocupação, em março do ano de 2006. A decisão obriga a empresa a pagar multa de R$ 1 milhão, como determinou o Ibama, pela realização de experimentos transgênicos na zona de amortecimento de 10 km da área do entorno do Parque Nacional do Iguaçu, no ano passado.
Por outro lado, o Ministério Público Estadual denunciou no último dia 10, oito trabalhadores da Via Campesina e pediu a prisão preventiva de outros dois, pelo ataque de uma milícia armada contra o acampamento, no dia 21 de outubro, no campo de experimentos transgênicos da transnacional Syngenta Seeds, em Santa Tereza do Oeste.
Na denúncia, os trabalhadores estão sendo responsabilizados pelo ataque do qual foram vítimas. O absurdo maior é em relação à Isabel Nascimento de Souza que quase foi executada, permanecendo vários dias em coma, e perdeu a visão de um olho por causa de um tiro à queima roupa, mas levianamente está sendo denunciada por tentativa de
homicídio.
No dia 08 de novembro, centenas de grupos e pessoas haviam participado de manifestações públicas ou mandado cartas para protestar contra o assassinato de Keno, denunciando os abusos da transnacional suíça e protestando contra as sementes transgênicas e o controle corporativo sobre a agricultura. Agricultores e seus aliados na Korea, Indonésia, Timor Leste, Estados Unidos, Congo, Espanha, Chile, Canadá, Croácia e Venezuela realizaram ações em frente às embaixadas da Suíça e do Brasil ou dos escritórios da Syngenta.
Centenas de emails de pessoas de todo o mundo, sobretudo da Espanha, França e Portugal, também já haviam sido enviados para as autoridades suíças ou para o escritório central da Syngenta expressando choque e pedindo por justiça.
(Texto da Assessoria de Imprensa do MST / Via Campesina /
Eco Agência, 17/12/2007)