O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aceitou não retomar as obras de transposição do Rio São Francisco até 7 de janeiro para acabar com a greve de fome do bispo de Barra, d. Luiz Cappio, segundo assessores. Em uma série de conversas com representantes da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e com o próprio d. Cappio, o chefe de gabinete pessoal da Presidência, Gilberto Carvalho, disse que o governo, num gesto de "boa vontade", está disposto a criar um ambiente de distensão e negociação.
As obras de transposição estão paralisadas por decisão da Justiça, que na quarta-feira deve julgar uma liminar sobre o assunto. Independentemente de um resultado favorável às obras, o governo não tocará os trabalhos, num primeiro momento, para facilitar as negociações. No sábado, um padre ligado a d. Cappio propôs a Gilberto Carvalho, numa conversa por telefone, que o governo retomasse, por exemplo, um projeto de construção de cisternas no semi-árido, o que facilitaria a negociação.
Gilberto Carvalho esteve ontem (17/12) na CNBB a convite do secretário-geral da entidade, d. Dimas Barbosa, acompanhado de técnicos do governo. Com autorização do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Carvalho disse que o governo suspendia temporariamente as obras para criar um clima de distensão. O governo nega que tenha recuado, ainda que temporariamente. A paralisação das obras em definitivo não está em jogo, segundo assessores.
No final de semana, Lula afirmou que manterá o cronograma das obras de transposição. Antes de embarcar para a Bolívia, ele autorizou assessores a abrirem negociação com d. Cappio. "Parar, nem pensar", disse o presidente. Lula orientou os assessores a discutirem apenas projetos de revitalização e construção de cerca de um milhão de cisternas.
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G1, 17/12/2007)