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transposição do são francisco
2007-12-18
Proposta envolve construir cisternas e acelerar revitalização do rio São Francisco; d. Luiz diz que oferta é "indecorosa'

Lula teria imposto como condições à abertura de uma negociação que obras não sejam paralisadas e que propostas venham do bispo

O Palácio do Planalto iniciou, no fim de semana, um intenso diálogo com d. Luiz Flávio Cappio, 61, bispo de Barra (BA), na expectativa de uma possível interrupção da greve de fome do religioso, que completa hoje 21 dias. O governo, porém, diz continuar firme em sua posição de não interromper as obras de transposição do rio São Francisco, motivo do jejum.

O bispo negou ontem que esteja negociando com o governo. Confirmou ter recebido propostas do chefe-de-gabinete do presidente Lula, Gilberto Carvalho, mas disse que as considerou "indecorosas".

As negociações começaram no sábado, quando Carvalho recebeu uma ligação do padre de Lins (SP) José Oscar Beozzo. Procurado pela Folha, o padre se limitou a dizer que "não está autorizado" a comentar o assunto. Beozzo teria acenado pela abertura do diálogo caso o governo aceite ampliar um programa que prevê a construção de 1 milhão de cisternas no semi-árido nordestino. Segundo os assessores do bispo, Beozzo agiu por conta própria.

A Folha apurou que Lula autorizou Carvalho a dar continuidade às conversas, mas impôs duas condições: 1) as obras devem continuar a qualquer custo e 2) o governo não deve apresentar propostas, esperando que elas cheguem do bispo.

Carvalho, então, telefonou para d. Luiz, afirmando que aceitava a ampliação do programa. No mesmo dia, porém, Rubem Fonseca, emissário do religioso, teria avisado que o bispo desistira das conversas.

Mas, no domingo, o secretário-geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), d. Dimas Lara Barbosa, procurou o representante do Planalto para avisá-lo que d. Luiz "estaria aberto às negociações" e convidou-o para uma reunião, em Brasília, com representantes de entidades religiosas que apóiam o bispo.

Na reunião, Carvalho teria aumentado a proposta: além de ampliar o programa das cisternas, o governo aceleraria a revitalização do rio. Em troca, o bispo encerraria o jejum. Hoje, Carvalho deve voltar à CNBB, com técnicos do governo, para "concretizar" a proposta.

O bispo, porém, diz que não haverá acordo. Lembra que a promessa de "esforço do governo" para a aprovação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que destina R$ 250 milhões anuais à revitalização do rio já havia sido feita há dois anos, em sua primeira greve de fome, e não foi cumprida. Sobre as cisternas, diz que o projeto tem sete anos e que, até agora, apenas 200 mil delas foram construídas no sertão.

Embargo

Na semana passada, Lula recebeu o comando da CNBB. Disse aos bispos que não interromperá as obras e que a greve de fome de d. Luiz é um problema exclusivo da igreja.

Em entrevista à Folha, publicada ontem, o ministro Patrus Ananias (Desenvolvimento Social) afirmou que o bispo tem sido "intransigente" e que a linha de sua greve de fome é um extremo "inaceitável".

As obras estão embargadas pela Justiça Federal desde 11 de dezembro. O governo recorreu ao STF, que deve analisar o pedido amanhã. Mesmo se a liminar for derrubada, as obras só devem ser retomadas após 7 de janeiro, quando os militares do Exército voltam do recesso.

Em apoio a d. Luiz, pouco mais de dez representantes de movimentos sociais começaram ontem um protesto silencioso em frente ao Planalto.

"Ministro Patrus não tem qualificação para falar da transposição", diz bispo

Oito quilos mais magro e com sangramento nos lábios, o bispo de Barra (BA), d. Luiz Cappio, 61, disse ontem, em Sobradinho, que o ministro Patrus Ananias (Desenvolvimento Social) é "desqualificado" e "desinformado" para falar sobre a transposição das águas do rio São Francisco.

As críticas foram uma resposta à entrevista do ministro à Folha publicada ontem. Patrus disse que o bispo tem sido "intransigente" e que seu protesto é um extremo "inaceitável". Afirmou que é favorável à transposição e que o jejum dificulta negociações.

"Fiquei muito decepcionado com as declarações dele", disse. "Sempre tive o ministro em altíssima conta, mas ele demonstrou total falta de idoneidade para poder falar sobre o assunto." Dom Luiz disse ainda que Patrus é "totalmente alheio à situação do rio e dos movimentos sociais".

Ontem, pela primeira vez desde o início da greve, o bispo não celebrou a missa no fim da tarde na Igreja de São Francisco. Ele só acompanhou a cerimônia, usando um travesseiro para amparar a cabeça. Pela manhã, alegou cansaço e deixou de descansar à sombra de uma árvore pela primeira vez desde o começo do jejum. D. Luiz disse ao médico que o acompanha, frei Klaus Finkan, que sentia dores de cabeça e fraqueza.

Em boletim, Finkan informou que ele apresenta "certa fragilidade" em seu estado geral, mas que está "lúcido" e sem problemas neurológicos. Ainda segundo a nota, d. Luiz "se expressou firme no propósito de continuar o jejum".

Segundo o médico, o sangramento na boca é resultado do ressecamento dos lábios. Ele suspendeu a ingestão do soro caseiro e determinou que d. Luiz beba apenas água. "Ele não está desidratado nem com diarréia." Para controlar e prevenir os problemas, a família do bispo usa métodos "naturais". Ele é submetido duas vezes por dia a um "escalda-pés", que visa manter o bom funcionamento dos rins. A pressão arterial é verificada ao menos duas vezes por dia. Quando está baixa, o bispo tem os braços mergulhados em água gelada.

Cerca de cem pessoas estão em vigília em Sobradinho. Em Porto Alegre, um grupo de seis ambientalistas ligado ao Conselho Indigenista Missionário e ao PSOL começou um jejum solidário de 48 horas.

(Felipe Seligman e Fábio Guibu, Folha de São Paulo, 18/12/2007)



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