A 'Guerra da Celulose' que afeta as relações bilaterais desde meados de 2005 tornou-se o pior conflito entre Argentina e Uruguai desde metade do século XIX. O pivô do conflito é a fábrica de celulose da empresa finlandesa Botnia, instalada no município uruguaio de Fray Bentos, sobre o rio Uruguai, que divide os dois países. Os argentinos da região da fronteira opõem-se à fábrica alegando que ela causará um 'apocalipse' ambiental e econômico.
Eles exigem o desmantelamento da fábrica, que é o maior investimento privado da história do Uruguai no total de 1,2 bilhão de dólares, 9% do PIB uruguaio. Desde 2005, os habitantes de Gualeguaychú realizam piquetes, com a condescendência do governo argentino, nas três pontes entre os dois países para pressionar o presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez. A ponte que liga Gualeguaychú a Fray Bentos está bloqueada há mais de um ano.
O governo argentino nunca ordenou a retirada dos piquetes, embora violem o princípio de livre circulação de mercadorias e pessoas do Mercosul. Os piquetes argentinos provocaram prejuízos de mais de 700 milhões de dólares ao Uruguai no último ano e meio. Vázquez disse que não negociará enquanto os piquetes continuarem.
As fortes pressões argentinas unificaram a opinião pública e o empresariado, além dos partidos da oposição do Uruguai contra os manifestantes argentinos e o governo Kirchner. O conflito melindrou os uruguaios com o país vizinho e, por tabela, com o Brasil, já que o presidente Lula optou por manter estrita neutralidade, dizendo que trata-se de 'problema bilateral Uruguai-Argentina'.
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CP, 17/12/2007)