O plantio integrando entre diferentes tipos de árvores e culturas, conhecido ainda como sistema agroflorestal, é uma das alternativas para gerar mais sustentabilidade para empresários de diferentes setores em Mato Grosso. De acordo com o especialista da Embrapa Florestas, Paulo Ernani Ramalho Carvalho, é preciso deixar de lado apenas a 'monocultura' e trabalhar com um sistema agregado.
O engenheiro florestal, com 38 anos de profissão e doutor pela Universidade Federal do Paraná, esteve ontem, em Sinop, falando sobre a experiência. Reforçou que o método pelo qual se conciliará tipos de culturas pode se tornar viável e trazer mais rentabilidade.
"Esse sistema permitiria sustentabilidade, diminuição de doenças e valores agregados aumentados. Por exemplo, plantar alternado madeiras e cacau, madeiras e café, madeira e pupunha, madeira e gado", disse. "O plantio puro, chamado de monoespecífico é muito perigoso, sujeito à doenças, pragas", declarou. "Todo estrangeiro que vem aqui fica apavorado porque só vê soja, algodão. Na Costa Rica, Colômbia e China, os olhos ficam em harmonia, pois, mesmo estando desmatado, há as árvores e mais uma outra cultura", salientou.
O pesquisador defende que a implantação deste sistema agroflorestal traz bons resultados. Segundo ele, em algumas cidades do Paraná, a prática já é adotada. Mas, ainda é necessário capacitar os profissionais (engenheiros florestais, agrônomos, entre outros) da área para conhecerem a alternativa.
"A China tem o maior consórcio agroflorestal do planeta, com três milhões de hectares de uma árvore para proteção do trigo, por causa dos ventos gélidos da Sibéria e Mongólia, que faziam os chineses perderem até 40% da produção. 400 milhões de chineses passando fome poderiam desestabilizar o governo. Pesquisadores resolveram o problema. Testaram 100 espécies de árvores e encontraram uma que reduz a velocidade do vento em até 60% e matou a charada", disse.
"Por desconhecimento ou má fé muita gente não quer plantar as espécies alternativas, ficar apenas no arroz com feijão. Pode ser o lucro hoje, mas amanhã um fator altamente negativo", concluiu.
O pesquisador esteve em algumas cidades de Mato Grosso, ministrando palestras a convite de uma Ong, para falar sobre viabilidade econômica das atividades de reflorestamento.
(
Só Notícias, 13/12/2007)