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2007-12-14
No que concerne a mudança de clima, a imagem americana no mundo está longe de ser a melhor. Enquanto outros países estão tentando limitar suas emissões de gases de efeito estufa, os EUA -especialmente sob o governo do presidente George W. Bush- são considerados perigosos, fazendo o possível para torpedear acordos amplos do clima.

Talvez o país esteja cansado de fazer esse papel, a julgar pelas declarações recentes dos EUA. Na conferência de mudança climática em curso na ilha indonésia de Bali -o início de um processo para encontrar um acordo internacional de mudança climática para suceder o Protocolo de Kyoto, que vai expirar em breve- diplomatas americanos vêm fazendo o máximo para parecer que os EUA querem fazer parte da solução.

"O IPCC deixou claro que a mudança climática é um sério desafio", disse aos repórteres na quarta-feira (12/12) Paula Dobriansky, subsecretária de Estado dos EUA para democracia e assuntos globais e diretora da delegação americana em Bali. "Temos que responder a esse desafio e abrir um novo capítulo da diplomacia do clima." Ela quer que o capítulo seja aberto imediatamente.

E não parou por aí. Dobriansky disse que era vital para a comunidade internacional criar um "mapa do caminho" para as negociações, eventualmente preparando um tratado de clima para ser assinado na reunião de cúpula do clima de 2009, em Copenhague. O novo acordo, prosseguiu, deve ser eficaz tanto ambientalmente quanto economicamente. "Queremos que as maiores economias globais, inclusive os EUA, façam parte do acordo global", disse ela.

"Compromissos nacionais"
Para não ficar para trás, James Connaughton, principal assessor ambiental do presidente Bush, insistiu que os EUA querem "compromissos nacionais" para os países responsáveis pela maior parte das emissões de gases de efeito estufa. Os EUA estão no topo da lista, com a China em segundo bem perto. Apesar de todo esse discurso, a posição americana em Bali continua como obstáculo impenetrável no caminho de uma estratégia internacional para atacar a mudança de clima. Os EUA insistem que os "compromissos nacionais" devem continuar voluntários e os negociadores americanos rejeitam qualquer texto que sugira metas de redução obrigatórias, como quer a União Européia.

De fato, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, disse na quarta-feira que as diretrizes específicas para cortes de emissões talvez tenham que esperar sessões de negociação subseqüentes. "Realisticamente, talvez seja ambicioso demais" tentar impor metas concretas de redução de emissões agora. "Em termos de praticidade, isso terá que ser negociado mais para frente." É difícil dizer como seriam essas negociações. A UE continua insistindo na necessidade de alvos estritos para evitar um aumento de temperatura de mais de 2 graus Celsius em relação aos níveis pré-industriais. Bush prefere que a indústria se comprometa com metas voluntárias.

"Espero que isso mude"
O ex-vice-presidente dos EUA Al Gore, que recebeu o Prêmio Nobel da Paz no final de semana por seu trabalho na mudança climática, acusou seu país de tentar impedir um acordo de clima. "A posição do governo nos EUA atualmente parece ser de tentar bloquear qualquer progresso em Bali. Espero que isso mude", disse Gore.

De fato, poucos ainda acreditam que a conferência de Bali resultará em um compromisso concreto de reduções de emissões. Até mesmo a expressão "metas obrigatórias" tornou-se proibida entre os que dirigem as negociações. Em deferência à posição americana, o termo "metas quantificáveis" agora está sendo favorecido. Washington, entretanto, indicou seu desconforto até com esta fórmula. Os números são anátemas, deixaram claro os negociadores americanos; o principal negociador dos EUA, Hartan Watson, disse: "Quando os números aparecem no texto, predeterminam os resultados e podem de fato levar as negociações em uma direção."

Se alguém quiser uma enunciação mais clara de qual, exatamente, é a posição do governo Bush em aquecimento global, basta atravessar o Oceano Pacífico para San Francisco. Ali, a União Geofísica Americana está se reunindo nesta semana, e os 15.000 pesquisadores estão discutindo a mudança do clima. Na segunda-feira, John Marburger, principal consultor de ciências do presidente, falou à conferência em uma palestra chamada "Reflexões sobre a ciência e a política energética e a mudança do clima".

"É difícil atualmente falar razoavelmente sobre a mudança do clima", disse ele. Não faz sentido, prosseguiu, forçar economias crescentes como as da China e Índia a aceitarem limites de emissões. "Elas querem melhorar suas vidas", disse ele. Ele também explicou porque os EUA não poderiam reduzir drasticamente suas emissões de CO2: "Os custos são muito altos. Não podemos simplesmente ignorar a competição econômica."

"Ambicioso demais"
Ban Ki-Moon está de ouvidos abertos, a julgar por seus comentários na quarta-feira. Ele disse que a reunião de Bali deveria ser considerada um sucesso se um cronograma para as próximas negociações fosse fechado, com o objetivo de um acordo até 2009. Entretanto, emitiu uma clara advertência: "Estamos em uma encruzilhada", disse aos delegados de 180 nações. "Um caminho leva a um acordo de mudança de clima compreensivo, a outro ao esquecimento. A escolha é clara." Ele também disse que o objetivo europeu de obrigar nações ricas a cortarem emissões de 25% a 40% relativos aos níveis de 1990 era "ambicioso demais".

O ministro de meio ambiente alemão, Sigmar Gabriel, que está na conferência desde terça-feira, disse que a meta da conferência deste mês não é a formulação de objetivos concretos. Haverá, afinal, mais negociações. Entretanto, ele disse que também é inaceitável terminar a conferência sem nenhum acordo. "Não preciso de um papel de Bali dizendo que vamos nos reunir novamente no ano que vem", disse ele. "Se você quer ir longe, precisa saber de onde está partindo e aonde quer chegar."

Para ajudar a encontrar o ponto de início, os anfitriões indonésios sugeriram reunir um grupo menor de ministros para negociar os pontos mais detalhados. Cinco membros estarão representando a UE na assembléia menor: Gabriel, da Alemanha, o ministro de Portugal (que detém atualmente a presidência rotativa da UE) e a Eslovênia (como próxima presidente), a Comissão da UE e, como anfitriã da Conferência de Copenhague em 2009, a Dinamarca.

Se essa medida conseguirá atrair os EUA, Índia e China, ainda não se sabe. Tampouco se sabe quão comprometidos os EUA estão com sua retórica de querer fazer parte de um acordo de clima. Até agora, entretanto, parece que a Casa Branca teria que fazer uma mudança de curso de 180 graus. Nesta quarta-feira, os democratas no Congresso divulgaram um relatório acusando a Casa Branca de ter manipulado as pesquisas do clima por anos.

"O governo Bush envolveu-se em um esforço sistemático para manipular as pesquisas científicas do clima e enganar os políticos e o público sobre os perigos do aquecimento global", disse o relatório do Comitê da Câmara sobre Supervisão e Reforma de Governo. James Connaughton foi apontado como um dos responsáveis.

(POr Markus Becker e Holger Dambeck, Der Spiegel, tradução de Deborah Weinberg, UOL, 14/12/2007)




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