O celular explodiu e a culpa é do cachorro da família. Mais precisamente de Lyon, um cão shitsu de três anos, pequeno, com pedigree e que atingirá no máximo nove quilos. Essa é a explicação da Samsung para o acidente que ocorreu no apartamento do casal Gláucia e Vanderlei dos Santos, na última segunda-feira, na Saúde, na zona sul da capital.
Na ocasião, a bateria do telefone explodiu quando o aparelho estava sobre o sofá, furando-o, incendiando o lençol e cobrindo o chão de fuligem. O celular foi recolhido no dia seguinte por técnicos da Samsung. Nesta sexta-feira, a família se indignou ao ouvir, por telefone, a explicação que pôs a culpa no pequeno Lyon, xodó do casal, que não tem filhos: o cachorro teria mordido o aparelho e a bateria, fazendo pressão sobre ela, o que provocou o acidente.
O casal, que no sábado registrou um boletim de ocorrência e promete entrar na Justiça contra a empresa, relata que Lyon nem perto do celular estava na hora do acidente.
- Meu cachorro estava no chão e o celular, no sofá. Em hipótese alguma, isso podia acontecer (explosão da bateria) - diz Gláucia dos Santos.
- Quer dizer que explode se um animal ou uma criança brincar e ficar pressionando (a bateria) ?! E se eu não estivesse em casa? Incendiaria o apartamento? É normal isso? - questiona a analista de sistemas.
Gláucia admite que o aparelho tinha marcas de mordida, feitas pelo cão dias depois da compra, em agosto. Depois disso, diz que não presenciou mais contato de Lyon com o celular.
- É brincadeira ter de ouvir isso deles! Vou entrar na Justiça e vou comprar outro aparelho, de outra marca - revolta-se o marido de Gláucia, o policial militar Vanderlei dos Santos.
A Samsung promete apenas devolver o que restou do celular, comprado em agosto por R$ 434 em uma loja credenciada, com garantia de um ano do fabricante. Nenhum item ou acessório era pirateado. O PM diz que, pelo laudo ter sido feito pela própria empresa, não pode ser considerado isento.
- O Estado devia fazer perícia nesses casos.
Desde 2006, foram pelo menos cinco explosões de celulares em São Paulo.
(Por Fábio Mazzitelli, Diário de S.Paulo, 15/12/2007)