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emissões de gases-estufa protocolo de kyoto
2007-12-17

Países de todo o mundo chegaram a um acordo no sábado (15/12) para iniciar negociações que visam à adoção de um novo tratado climático, mas grupos ambientais disseram que o acordo não tem substância.

O acordo prevê reduções das emissões de gases do efeito estufa pelos Estados Unidos e pela China pela primeira vez, e uma agenda de dois anos que levará à adoção em Copenhagen, em 2009, de um pacto mais amplo e enérgico que sucederá o Protocolo de Kyoto depois de 2012.

"Este á um momento definidor para mim e meu mandato como secretário-geral", disse Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU, em entrevista à Reuters, depois da reunião no balneário de luxo da Indonésia.

"Todos os 188 países reconheceram que esta é a agenda definidora para a humanidade, para todo o planeta Terra."

Grupos ambientalistas disseram que o acordo não tem substância, uma vez que a União Européia abandonou a exigência de que países ricos tomem as primeiras iniciativas na luta contra a mudança climática.

Delegados exaustos deram uma ovação aos Estados Unidos, depois que o maior emissor de gases do efeito estufa do mundo desistiu de sua oposição no último minuto e apoiou o acordo, depois de uma noite em claro de negociações, que ultrapassaram o prazo de sexta-feira.

"Temos agora uma das mais amplas agendas de negociação de mudança climática já realizadas," disse James Connaughton, presidente do Conselho da Casa Branca de qualidade ambiental.

Os Estados Unidos abandonaram sua oposição às exigências da Índia de relaxar os compromissos de países em desenvolvimento ao novo pacto. O presidente George W. Bush recusou-se em 2001 a assinar o Protocolo de Kyoto, dizendo que ele isentava países em desenvolvimento de forma injusta.

Consenso

A União Européia disse que está satisfeita com o acordo, considerando fundamental a inclusão dos Estados Unidos, ausente de Kyoto.

"Existe um só planeta. Juntos, países desenvolvidos e em desenvolvimento podem atingir o sucesso," disse o presidente da Comissão Européia, José Manuel Barroso.

A primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, elogiou a postura unida dos países europeus em Bali, dizendo que era "uma base importante para bons resultados."

"Naturalmente, o caminho para um sucessor do Protocolo de Quioto será difícil, mas tenho certeza de que o mandato de Bali será visto em breve como um divisor de águas," disse ela.

O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown disse que o acordo é "um passo vital para o mundo todo."

"Agora, começa o trabalho mais difícil, com todos os países trabalhando por um acordo em Copenhagen em 2009, a fim de tratar do desafio definidor de nossa época."

Os países em desenvolvimento também elogiaram o acordo.

"Aqui em Bali, atingimos o consenso, um consenso mundial para todos os países," disse Hassan Wirajuda, ministro de Relações Exteriores da Indonésia.

"Nenhum país foi excluído, em um processo muito abrangente. (...) Esperamos que seja não apenas uma boa base, mas também um impulso para os próximos anos."

Ativistas receberam bem a guinada da postura norte-americana, descrita por ambientalistas veteranos como única na história de acordos climáticos.

"Nunca tinha visto uma virada no contexto de um tratado ambiental," disse Bill Hare, do Greenpeace. "Indica claramente que os EUA são incapazes de negar a realidade da mudança climática internacionalmente."

(Reportagem de Emma Graham-Harrison, Adhityani Arga, Sugita Katyal, Alister Doyle, Ed Davies, Gde Anugrah Arka e Gerard Wynn, Estadão, 15/12/2007)


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