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geração de energia passivos da energia atômica
2007-12-17
Há quase dois anos, a Comissão Reguladora Nuclear (NRC) deu à operadora da usina nuclear de Indian Point um ano para adicionar linhas elétricas auxiliares para as sirenes de alerta de emergência da usina. A Entergy pagou ao governo uma multa de US$ 130 mil em abril -mas ainda não realizou a reforma na usina, a 38 quilômetros ao norte de Nova York. Na usina nuclear de Peach Bottom, ao sul de Harrisburg, Pensilvânia, guardas de segurança freqüentemente tiram "cochilos" de 15 minutos, segundo uma carta de um gerente de segurança para a NRC em março passado. A NRC começou a investigar depois que a "CBS News" exibiu no início de setembro um vídeo dos guardas cochilando.

Nenhum dos incidentes representou um risco de segurança "imediato", disse a NRC. Mas eles -e centenas de outros episódios aparentemente menores em usinas nucleares nos últimos anos- estão atraindo maior atenção enquanto os Estados Unidos se preparam para lançar uma nova geração de reatores nucleares.

As companhias elétricas estão começando a dar entrada a requerimentos para a construção de 32 usinas nucleares ao longo dos próximos 20 anos, as primeiras desde o acidente de 1979 na usina de Three Mile Island, na Pensilvânia, que provocou uma suspensão dos planos de novos reatores e levou a amplas mudanças nas regras de segurança. É em parte um reflexo de como, em meio às preocupações com a mudança climática, as comunidades se tornaram mais abertas à energia nuclear como uma alternativa mais limpa às poluidoras usinas a carvão.

Críticos e defensores da energia nuclear geralmente concordam que melhorias no equipamento e no treinamento dos funcionários ajudaram a tornar as usinas nucleares mais seguras desde a fusão parcial do reator de Three Mile Island.

Mas grupos de vigilância dizem que a menos que a segurança tanto do setor quanto do país melhorem, a expansão do setor nuclear -que atualmente conta com 104 reatores que fornecem cerca de 20% da eletricidade do país- pode representar riscos para as comunidades próximas.

"Sérios problemas de segurança" atormentam as usinas nucleares americanas porque a NRC não está assegurando adequadamente o cumprimento de seus padrões e reduziu as inspeções, segundo um relatório divulgado na terça-feira pela União dos Cientistas Preocupados (UCS, na sigla em inglês), um grupo que monitora a segurança nuclear.

O relatório também disse que apesar da segurança nas usinas nucleares ter aumentado depois dos ataques de 11 de setembro de 2001, os reatores ainda não estão suficientemente protegidos contra ameaças terroristas como ataques com aviões seqüestrados, e os novos reatores não estão sendo projetados para serem significativamente mais seguros do que os já existentes. Aumentar o número de reatores sem criar "altos riscos de segurança inaceitáveis" poderá ser difícil, concluiu o relatório.

Não ocorre uma fusão de um reator nos Estados Unidos desde o incidente de Three Mile Island, que não resultou em mortos ou feridos identificáveis por exposição a radiação, mas resultou no escapamento de um pouco de radiação da usina.

Mas desde 1979, as usinas nucleares americanas tiveram que ser desativadas 46 vezes ou mais por ano, na maioria dos casos para conserto de problemas nos equipamentos, acumulados com o tempo, e que os reguladores deveriam ter ordenado antes, segundo a UCS, que compilou os dados da NRC e de outras pesquisas. O número de falhas de equipamento que aumentam o risco de um acidente está em alta desde 2001, em comparação com o período anterior de cinco anos, disse o relatório da UCS.

A UCS disse que incidentes como falhas ocasionais nas bombas que resfriam o núcleo do reator nuclear em uma emergência poderiam ser desastrosos se coincidissem com outros eventos de baixa probabilidade, como o vazamento do refrigerante do núcleo.

"O histórico dos reatores existentes deixa muito a desejar, e a menos que tais problemas sejam consertados, eles serão transportados para os novos reatores", disse David Lochbaum, diretor do projeto de segurança nuclear da UCS. A NRC e o Instituto de Energia Nuclear (IEN), a entidade setorial, disseram que apenas um incidente desde Three Mile Island -um vazamento de água na usina de Davis-Besse em Ohio, em 2002- chegou perto de ameaçar as comunidades próximas de qualquer usina.

A NRC disse que no episódio envolvendo os guardas cochilando em Peach Bottom, ela não agiu antes porque não conseguiu comprovar as alegações junto à Exelon, a operadora da usina. Em Indian Point, a Entergy disse que seu plano de instalar um sistema elétrico auxiliar para as sirenes foi adiado por obstáculos técnicos e pela necessidade de obtenção de licenças de dezenas de cidades, condados e órgãos estaduais.

Um 'conjunto confiável de reatores'
Os reatores nucleares geram calor que produz eletricidade quando os átomos de urânio se dividem. No núcleo do reator, o urânio é mantido na água para impedi-lo de superaquecer, sofrer fusão e liberar radiação. A fusão do núcleo do reator em si geralmente não seria desastrosa porque o reator fica situado em uma estrutura de contenção de concreto para impedir que a radiação escape.

Mas uma fusão plena do núcleo do reator poderia causar um aumento de temperatura e pressão capaz de romper a estrutura de contenção. Uma liberação maciça de gás radioativo para a comunidade ao redor poderia destruir ou danificar as células humanas e causar morte ou câncer. Foi o que aconteceu na usina nuclear de Chernobyl na ex-União Soviética, em 1986. O pior desastre do mundo com usina nuclear envolveu uma fusão do núcleo do reator e uma explosão que matou 56 pessoas. Pelo menos outras 4 mil deverão morrer de câncer devido à exposição à radiação.

No acidente de Three Mile Island sete anos antes, a água que refrigerava o núcleo em um dos dois reatores da usina vazou por uma válvula parcialmente aberta. A válvula estava fechada o suficiente para impedir que o alarme soasse. Metade do núcleo derreteu, mas o prédio de contenção impediu que toda a radiação, exceto uma pequena quantidade, vazasse para o meio ambiente. O incidente levou o governo americano a exigir reformas em encanamentos, válvulas e outros equipamentos em todas as usinas nucleares, e as inspeções da NRC aumentaram.

Hoje, "os EUA operam não apenas a maior, mas provavelmente a mais segura e confiável frota de reatores", disse o vice-presidente da IEN, Marvin Fertel. David Lochbaum, que chefia o projeto de segurança nuclear da UCS, rebate dizendo que 46 desligamentos de reatores durante as últimas três décadas indicam que está ocorrendo um acúmulo de múltiplos problemas que os reguladores deveriam ter pego antes.

Em 1995, por exemplo, a Public Service Electric & Gas teve que fechar sua usina em Salem, em Nova Jersey, por três anos até que 43 problemas de equipamento fossem consertados, incluindo o conserto do ventilador que impedia o superaquecimento do equipamento de segurança. Um relatório do General Accounting Office (escritório de auditoria geral) disse que a NRC tinha conhecimento de 38 das falhas -em dois casos por mais de seis anos- e que sua "falta de uma ação mais agressiva" contribuiu para o agravamento dos problemas da usina.

Usinas inspecionadas com menos freqüência
No episódio mais sério envolvendo uma usina nuclear americana desde Three Mile Island, a usina Davis-Besse em Ohio foi fechada de 2002 a 2004 depois que a NRC fracassou em detectar o que reconheceu serem os primeiros sinais de problemas. Um vazamento de ácido provocou uma rachadura na tampa do vaso de um quarto de polegada de espessura, segundo relatos da NRC. Como as bombas de emergência também falharam, o vazamento da água da refrigeração pela tampa poderia ter levado a uma fusão do núcleo do reator.

A NRC identificou o vazamento no segundo semestre de 2001, mas permitiu que a usina continuasse operando. Um relatório do Inspetor Geral da NRC em 2002 apontou que a disposição da agência de manter a usina funcionando "foi movida em grande parte pelo desejo de reduzir o impacto financeiro (sobre a operadora First Energy) que seria causado pela desativação preventiva". Em uma declaração no mês passado, a NRC culpou a First Energy de fornecer "informação incorreta e enganadora", incluindo sua "explicação do vazamento". A First Energy disse que fez amplas mudanças de pessoal e procedimentos para impedir tais situações no futuro.

Stuart Richards, vice-diretor da unidade de inspeção da NRC, disse que tais fechamentos mostram que "se a NRC sentir que as usinas não deviam estar operando, nós tomaremos as medidas apropriadas". Richards notou que a Davis-Besse foi a última usina a ser fechada por pelo menos um ano e que problemas de segurança semelhantes diminuíram. As usinas ficaram fechadas em média 1,5% do tempo por causa de lapsos de segurança em 2006, uma redução em comparação a 10% em 1997, ele disse.

A NRC dá crédito a um sistema mais preciso de supervisão, lançado em 2000, que aumentou as inspeções em usinas com desempenho ruim. Mas uma medida chave de segurança -dos problemas que a NRC diz que aumentam o risco anual de uma fusão do núcleo do reator de 1 em 1 milhão para até 1 em 1.000- aumentou acentuadamente nos últimos seis anos. Ocorreram 341 de tais "precursores" desde 1988, incluindo falhas nas bombas que fornecem água aos reatores em uma crise, disse a NRC. O sistema de refrigeração de emergência de cada usina geralmente conta com vários sistemas de apoio, como bombas ou geradores elétricos.

O porta-voz da NRC, Scott Burnell, disse que o aumento de tais problemas não é significativo, porque 22 dos incidentes derivaram de dois casos dos quais a agência estava ciente, em vez de uma série de problemas separados. Metade dos problemas derivou da perda do fornecimento de energia -necessária para o funcionamento dos sistemas críticos de refrigeração- e a maioria deles ocorreu durante o enorme apagão elétrico que ocorreu nos Estados do Nordeste em 14 de agosto de 2003. A outra metade envolveu rachaduras em bicos que, se piorassem, poderiam permitir o vazamento da água do reator.

Lochbaum disse que tais explicações da NRC não diminuem suas preocupações com a segurança das usinas. Ele atribui o aumento dos problemas "precursores" à redução das inspeções pela NRC e pelos proprietários das usinas. De 1993 a 2000, as horas de inspeção de rotina da NRC diminuíram 20%, em parte por restrições orçamentárias, reconheceu a comissão. Apesar das horas gastas inspecionando usinas terem aumentado 11% de 2001 a 2005, grande parte do aumento deriva da maior atenção dada às checagens das medidas de segurança pós-11 de Setembro, em vez da operação das usinas.

A NRC e representantes do setor reconhecem que inspecionam muitas partes de usinas nucleares com menos freqüência desde 2000. Mas eles dizem que as inspeções são mais eficazes porque agora se concentram em equipamento crítico cuja falha apresentaria maior risco à população.

Questões sobre padrões
Em seu relatório, a UCS disse que a NRC não assegurou consistentemente o cumprimento de muitas de suas regulamentações de segurança para usinas nucleares. O grupo disse que desde 1981, por exemplo, a NRC autorizou cerca de 1.000 isenções para usinas que fracassaram em atender as regras de segurança contra incêndio que entraram em vigor após um incêndio em 1975, na usina de Brown's Ferry, no Alabama.

A NRC disse que as isenções foram concedidas para as usinas mais velhas que eram incapazes de fazer certas mudanças estruturais como o reparo de equipamento de segurança primário e de apoio. As isenções permitem métodos de prevenção de incêndio alternativos, como sprinklers ou alarmes de fumaça. Gregory Jaczko, um comissário da NRC, disse que a agência deveria exigir que as usinas adotassem medidas mais caras, como a instalação de cabos de força resistentes ao fogo como apoio aos conjuntos padrão.

Em fevereiro de 2000, um tubo de gerador a vapor da usina de Indian Point rompeu, causando um pequeno vazamento de radiação para fora da usina. Os funcionários avistaram a corrosão no tubo em 1997, mas a Con Edison, a operadora da usina, persuadiu a NRC a adiar uma inspeção marcada para junho de 1999. Uma engenheira da NRC estava cética em relação ao pedido, mas a política da agência a desencorajou de fazer maiores perguntas, revelou posteriormente o relatório do Inspetor Geral da NRC. O tubo rompeu antes da próxima inspeção marcada, em 2000.

A NRC disse que a inspeção foi adiada porque a usina foi desativada por 10 meses antes do pedido, deixando pouco tempo para o tubo se degradar ainda mais. Lochbaum, da UCS, culpa os lapsos de fiscalização à cultura da NRC que ele diz desencorajar os funcionários de levantarem questões de segurança por temor de retaliação. Um levantamento do Inspetor Geral em 2002 disse que apenas 53% dos funcionários da NRC "sentem que é seguro se manifestar" na agência. Richards, da NRC, disse que "nós enfatizamos a segurança como sendo importante e (...) que as pessoas devem expor as preocupações".

Para melhorar a fiscalização e o cumprimento das normas, o relatório da UCS pede ao Congresso que exija que a comissão recrute gerentes de fora de suas fileiras para transformar a cultura da agência. Outra proposta, em um projeto do senador Lochbaum, democrata de Vermont, permitiria aos Estados exigirem avaliação de segurança independente de uma usina nuclear quando esta pedir prorrogação de licença ou aumento da geração de eletricidade, ou também após repetidos problemas de segurança.

A UCS também critica a NRC por não exigir que os novos reatores sejam significativamente mais seguros que os atuais. Segundo uma regra prevista, por exemplo, os novos reatores não teriam que incluir características como estruturas de contenção de parede dupla para suportar ataques com aeronaves.

O vice-diretor da NRC, Gary Holahan, disse que as usinas nucleares já são "algumas das instalações mais robustas, mais seguras ...contra ataques aéreos". Os desenvolvedores de mais da metade dos 32 reatores planejados optaram provisoriamente por dois modelos que usam sistemas de segurança "passivos". Se o núcleo superaquece, eles dependem principalmente da liberação de água por força da gravidade para resfriá-lo, em vez de bombas motorizadas como nos reatores existentes.

Os novos sistemas cortam custos e evitam potenciais interrupções em caso de falta de energia elétrica, os tornando mais seguros do que os modelos atuais, disse a NRC e as fabricantes Westinghouse e General Electric. Mas Edwin Lyman, um cientista da UCS, disse que a redução nos novos projetos da dependência de bombas de apoio é uma preocupação porque seu desempenho em uma crise é menos certo. "Eles estão reduzindo as margens de segurança", ele disse.

Outro ponto de discussão: a NRC planeja fazer com que cerca de 30% de suas inspeções dos novos reatores sejam feitas por empresas terceirizadas. Lochbaum teme que a segurança seja sacrificada na pressa para emitir as licenças. Muitos engenheiros que projetaram os reatores serão responsáveis por revisá-las, ele disse. Mas Holahan da NRC disse que as empresas terceirizadas simplesmente fornecerão informação técnica. "Nós tomaremos as decisões finais sobre se algo é seguro."

(Por Paul Davidson, Paul Davidson, tradução de George El Khouri Andolfato, UOL, 14/12/2007)



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