Em meio à turbulência política da Bolívia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chega hoje a La Paz para uma visita de pouco mais de 24 horas que deverá selar a retomada de investimentos da Petrobras para a exploração de gás naquele país.
A agenda de Lula na Bolívia "inclui importantes investimentos da Petrobras" no setor energético, segundo o porta-voz da Presidência, Marcelo Baumbach. Sem divulgar valores e prazos, ele afirmou que os presidentes vão assinar um memorando de entendimento "para a realização de estudos tendentes à exploração de novos campos na Bolívia".
O processo de negociação foi deflagrado há mais de dois meses mas, até a última sexta-feira, os contratos ainda não estavam finalizados. Lula insistiu em manter a data da visita.
Considera que a aproximação é importante num momento de fragilidade política de Evo Morales, que enfrenta grave crise após a aprovação da nova Constituição e é desafiado pela oposição. Para a Bolívia, a visita de Lula ao país ratifica o respaldo do Brasil ao governo Morales.
O ministro interino de Minas e Energia, Nelson Hubner, viajou na sexta ao país justamente para tentar aparar as arestas e permitir que, amanhã, Lula e Morales anunciem as novidades com os contratos já analisados e formalizados.
A Petrobras mantém na Bolívia a exploração de gás nos campos de San Antonio e San Alberto, mas tinha freado novos investimentos no país depois que Morales decretou a nacionalização das reservas de gás no país, no ano passado.
A estatal brasileira quer aumentar a produção de gás na Bolívia e, até sexta, as linhas de negociação abordavam dois pontos: exploração em até quatro novas unidades ou ampliação da produção nos dois campos já controlados pela Petrobras. Um dos possíveis acordos é que a Petrobras assuma o megacampo de Itaú, hoje com a companhia francesa Total.
O pacote de medidas a serem anunciadas em La Paz prevê promessas mais amplas do que as dirigidas ao setor energético. Lula e Morales devem anunciar uma linha de crédito para financiar infra-estrutura, sobretudo estradas e pontes. E assinar acordos sobre saúde, educação, transportes, desenvolvimento agrário, gás e petróleo.
(Por Letícia Sander, Folha online, 16/12/2007)