Depois de um dia de reuniões a portas fechadas, o resultado das negociações da 13ª Conferência das Partes (COP) sobre o Clima ainda não foi definido. A decisão só deverá sair neste sábado (15/12). A reunião que tinha término previsto para ontem, avançou até às 3h da madrugada, em Bali, na Indonésia. 'Não podemos sair daqui sem acordo. Só não se sabe quando será alcançado', avaliou o secretário executivo da Convenção-Quadro da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Mudança Climática, Yvo De Boer. O objetivo da conferência é iniciar negociações para dar continuidade à luta contra o aquecimento global a partir de 2012, quando expira o Protocolo de Kyoto.
O impasse principal está na inclusão de referência ao estabelecimento de novas metas de redução de emissões para países desenvolvidos no chamado Mapa do Caminho. A União Européia lidera pressão para que o texto mencione cortes de 25% a 40% até 2020. Os Estados Unidos, que chegaram a sugerir apenas uma referência a compromissos voluntários a todos os países, dizem que definir metas significaria um 'pré-julgamento' das negociações. O Brasil participa do grupo, presidido por Argentina e Nova Zelândia.
Para evitar que o encontro acabe em fracasso total, fontes ligadas às negociações afirmaram que se estuda possibilidade de aprovar um texto menos ambicioso, para ser ajustado posteriormente, sendo possível iniciar negociações com os EUA, maior poluidor do mundo e único país que não ratificou o Protocolo de Kyoto. A esperança é que o próximo presidente americano tenha postura mais favorável ao meio ambiente que a de George W. Bush. A temperatura média do planeta pode aumentar até 2100, entre 1,1º e 6,4º C, sendo necessários, assim, cortes drásticos das emissões para evitar um aquecimento superior a dois graus.
(Correio do Povo, 15/12/2007)