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cop/unfccc protocolo de kyoto
2007-12-14
No mesmo dia em que a Organização Meteorológica Mundial anunciou que a última década foi a mais quente da história (leia texto à dir.), as negociações sobre o futuro do combate ao aquecimento global chegaram perto do ponto de ebulição. Os EUA lançaram uma ofensiva para bloquear a tentativa de acordo sobre o "mapa do caminho" de Bali, o texto que daria o pontapé inicial no regime pós-Kyoto. O sucesso dessa manobra pode significar o fracasso do mapa.

Ontem, na COP-13, a conferência do clima das Nações Unidas em Bali, Indonésia, os americanos causaram uma crise ao se oporem aos objetivos de redução de emissões de 25% a 40% para países industrializados. Estas cifras, produzidas com base nos relatórios do IPCC (o painel de climatologistas da ONU), deveriam balizar o "mapa do caminho". Elas já haviam sido acordadas em meados deste ano, pelos Estados Unidos inclusive.

A exclusão das metas, entre outras coisas que os EUA tentam barrar no acordo, traz o risco de diluir o mapa do caminho, tornando o tratado que substituirá Kyoto após 2012 incapaz de produzir a redução de emissões de gases-estufa necessária para salvar o clima da Terra. A COP-13 se encerra hoje sob essa ameaça.

Havaí em xeque
A União Européia, que enfrentava a delegação americana para manter a menção às metas no texto, se irritou com a armação. Ontem de manhã, o comissário europeu para o Ambiente, Stavros Dimas, ameaçou boicotar a reunião dos grandes emissores que o presidente George W. Bush convocou para o começo de 2008 em Honolulu, no Havaí. Dimas disse à chefe da delegação americana, Paula Dobriansky, que "sem um avanço significativo em Bali essa reunião perde o sentido".

Foi seguido pelo secretário-executivo da Convenção do Clima da ONU, Yvo de Boer. Mesmo evitando criticar os EUA diretamente, De Boer disse à tarde a jornalistas que, uma vez que o objetivo alegado da reunião de Bush era alimentar o processo de negociação no âmbito da ONU, o encontro não teria razão de ser sem um mapa do caminho sólido resultante de Bali. "Você não pode alimentar o nada com alguma coisa."

A reunião dos grandes emissores foi a forma encontrada por Bush -único líder do mundo industrializado a rejeitar o Protocolo de Kyoto- para esvaziar a Convenção do Clima. A tática americana tem sido bloquear as decisões importantes em Bali para forçar a abordagem americana de compromissos voluntários e sem prazo de redução de emissões.

Pedra no caminho
Só que ontem o tiro de Bush começou a sair pela culatra. Além da UE, o Brasil, outro convidado para o encontro de Honolulu, também ameaça não comparecer. "Esse tema de não comparecer caso se configure uma atitude obstrucionista dos EUA em Bali não foi descartado", disse o embaixador extraordinário para Mudança do Clima, Sergio Serra. "Não abrimos mão do foro multilateral."

A manobra americana vinha sendo montada desde a semana passada, quando os EUA se opuseram à criação de um fundo de adaptação à mudança climática para países pobres.

Na terça-feira, por exemplo, o país impedira um acordo sobre a redução de emissões por desmatamento em florestas tropicais no Terceiro Mundo. O gesto deixou os negociadores espantados -os EUA, como se sabe, não possuem florestas tropicais. Dobriansky e sua equipe também tentaram barrar o texto que prevê transferência de tecnologia dos países desenvolvidos para outros em desenvolvimento como ajuda na transição para uma economia livre de carbono.

A questão da transferência de tecnologia, um dos principais pontos do "mapa do caminho", acabou sendo resolvida ontem -o que foi comemorado pelos diplomatas como um grande avanço de Bali.

Até o fechamento desta edição, os ministros debatiam o texto do Diálogo para a Implementação da Convenção, que formará a base do "mapa do caminho". À 1h de sexta (horário local, 15h de ontem em Brasília), os americanos apresentaram uma proposta de metas voluntárias nacionais, que a UE considerou "inaceitável". A discussão seguiu pela madrugada.

Visita inconveniente
Ontem, o ex-vice-presidente dos EUA e Prêmio Nobel da Paz, Al Gore, também denunciou a atuação da administração Bush para atrapalhar Bali. Falando para centenas de pessoas num auditório perto da sala onde ministros tentavam resolver o impasse criado pelos americanos, Gore declarou: "Eu não estou amarrado por gentilezas diplomáticas, então vou contar uma verdade inconveniente: meu próprio país, os Estados Unidos, é o principal responsável por obstruir as negociações aqui em Bali". Arrancou aplausos.

Em entrevista coletiva, Dobriansky negou as acusações de que estivesse sendo uma "pedra no caminho". "Procuramos maneiras de estender o que está na mesa. Precisamos ter uma abordagem mais ampla, holística", afirmou, repetindo que os Estados Unidos querem liderar o processo rumo ao pós-Kyoto. "É hora de mostrar liderança não apenas em palavras, mas também em ações", alfinetou o ministro do Meio Ambiente de Portugal, Humberto Rosa.

(Por Claudio Angelo, Folha de São Paulo, 14/12/2007)




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