A prefeitura de São Paulo tem sido eficiente em seu marketing. Uma de suas peças é a maior árvore de natal do mundo no Ibirapuera, atraindo a atenção popular. A lei da Cidade Limpa é outra peça que vem ganhando simpatia, afinal, quem não gostaria de viver em uma cidade limpa? Mas a norma que impõe limites à poluição visual, apesar de ser importante, é insuficiente para conferir à capital paulista o título de Cidade Limpa. Sua publicidade serve, na verdade, para ocultar outras atividades não tão limpas.
Vejamos o que ocorre com o lixo. A cidade produz aproximadamente 14 mil toneladas de lixo por dia. É como se todos os dias abarrotássemos um recipiente do tamanho do estádio do Morumbi. O que faz a prefeitura com todo esse lixo? Apenas transporta para a periferia e deposita em um lixão. Isso apenas esconde a sujeira embaixo do tapete!
Antes de falar em cidade limpa, São Paulo precisa implantar algumas medidas definidas na Agenda 21 da ONU, necessárias a uma cidade ambientalmente sustentável: redução da produção de lixo, reciclagem de resíduos recicláveis, compostagem dos orgânicos, tratamento adequado com as melhores tecnologias disponíveis e, fundamentalmente, educação ambiental.
Adotando o caminho inverso, o maior presente que a prefeitura quer dar à cidade neste Natal não é a árvore gigante do Ibirapuera, mas, um lixão gigante. Através do governo de São Paulo que querem simplesmente destruir a região de São Mateus, uma área de um milhão e duzentos mil metros quadrados de Mata Atlântica para construir o maior aterro sanitário do mundo. Se construído, será o segundo ponto mais alto da cidade, perdendo apenas para o pico do Jaraguá. Que belo presente!
Mas existem pessoas mais otimistas, que lutam por um futuro melhor e que estiveram juntos no último dia 10 de dezembro (Dia Internacional dos Direitos Humanos). Além da campanha “Mais vida, menos lixo” aconteceu uma vigília inter-religiosa de 24 horas, em frente ao gabinete do prefeito Gilberto Kassab, no Viaduto do Chá (Centro de São Paulo). Foram mobilizadas diversas camadas sociais, pessoas e instituições que têm sensibilidade com a causa, com objetivo de convencer o prefeito a implantar as medidas propostas pela Agenda 21.
(Por José Vicente Pimenta,
Envolverde, 12/12/2007)
* José Vicente Pimenta é Teólogo, diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Editoras de Livros do Estado de São Paulo, coordenador da Campanha ”Mais vida, menos lixo” e integrante do Instituto para Defesa da Vida que organiza o Gesto Concreto nacional da Campanha da Fraternidade de 2008