As embalagens do tipo Tetra Pak, normalmente usadas para acondicionar leite, sucos, molhos e até vinho, vão ganhar um novo destino em Santa Cruz do Sul. Em vez de irem para o lixo e contaminarem o ambiente elas serão usadas para a fabricação de telhas.
Resultado de dois anos de pesquisa, o protótipo foi apresentado na tarde de ontem, e a previsão é de que a partir de fevereiro seja possível encontrar o produto à venda nas lojas de material para construção. Mais resistente do que as telhas de amianto essas são capazes de suportar o granizo e podem ser usadas para cobertura de casas e galpões. Além do diferencial ecológico, devem chegar ao mercado com um valor 10% menor. De acordo com o empresário Edison Vargas, as telhas têm selo do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro).
A empresa, que vai se chamar GLZ Telhas, é a primeira do Rio Grande do Sul a trabalhar com essa tecnologia e funcionará em um prédio de 650 metros quadrados na Avenida Castelo Branco, no Distrito Industrial. No local também serão fabricadas placas que servem de tapume para obras. A previsão é de que nessa fase a fábrica conte com uma equipe de 14 funcionários. O proprietário, Gerson Luiz Zart, no entanto, estima que esse número seja ampliado à medida que aumentar a produção. Ele acredita que por mês devem ser produzidas entre 4 mil e 7 mil unidades, mas a meta é chegar a 20 mil peças. O processo de produção vai usar máquinas trazidas de São Paulo e equipamentos produzidos em Santa Cruz.
Ambiente
A matéria-prima será obtida em uma empresa de Canela. De lá virá o alumínio e o plástico que entram na composição das caixas de leite – o papel já é usado em reciclagem. “Vamos aproveitar o material que eles não usam”, comenta Zart. Para produzir mil telhas, o empresário estima que serão necessárias dez toneladas de resíduos, que a partir do ano que vem devem ser captados diretamente em Santa Cruz.
Além de representar uma alternativa de negócio inovadora, a empresa poderá contribuir para a preservação ambiental. Segundo estimativas, as embalagens de leite não têm tempo de decomposição determinado. Conforme Vargas, somente o plástico, que compõe 25% as caixinhas, leva 450 anos para ser decomposto. “São resíduos que deixarão de contaminar a natureza e vão proporcionar dinheiro para um investidor”, avalia.
Para garantir a instalação da GLZ Telhas Zart obteve incentivos da Prefeitura, por meio da Sala do Empreendedor. O investimento na aquisição dos equipamentos da linha de montagem e pesquisa deve chegar a R$ 500 mil.
(Por Dejair Machado, Gazeta do Sul, 14/12/2007)