O Conselho Episcopal de Pastoral da Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB) divulgou nota, na qual convida todas as comunidades cristãs e pessoas de boa vontade a se unirem em jejum e oração a Dom Luiz Cappio, "por sua vida, sua saúde e em solidariedade à causa por ele defendida".
A CNBB disse que o jejum e a oração de Dom Luiz Cappio, bispo da diocese de Barra (BA) - que há 17 dias está sem se alimentar, em protesto em defesa do rio São Francisco -, são motivados por seu espírito de pastor que ama seu povo: "Dom Luiz expressa seu constante compromisso em defesa do Rio São Francisco e da vida das populações ribeirinhas - agricultores, quilombolas, povos indígenas - e de outras áreas".
Para o conselho, a atitude de Dom Luiz revela respeito à dignidade da pessoa e da criação e sua convicção de que o ser humano é capaz de conviver em harmonia e respeito com o meio-ambiente. Além, de despertar na sociedade o embate entre dois modelos opostos de desenvolvimento: o participativo e sustentável, que valoriza a agricultura familiar e a preservação da natureza; e o que privilegia o agro e hidro negócios, com sérios prejuízos ambientais e sociais, pois explora o povo e destrói os rios e as florestas.
Na nota, o Conselho Episcopal pede que o governo considere outras propostas alternativas à transposição, como as apresentadas pela Agência Nacional das Águas (ANA), através do Atlas Nordeste, e pela Articulação do Semi-Árido brasileiro (ASA), com a construção de um milhão de cisternas.
Segundo a nota, a CNBB tem afirmado, junto ao governo e à sociedade, a necessidade de dar continuidade a um amplo diálogo sobre o projeto de transposição das águas do Rio São Francisco e sinalizado para a importância da revitalização do Rio, para garantir a toda a população o acesso à água de boa qualidade como um direito humano e um bem público.
"O Governo democrático tem a responsabilidade de interpretar as aspirações da sociedade civil, em vista do bem comum, de oferecer aos cidadãos a possibilidade efetiva de participar nas decisões, de acatar e de respeitar as determinações judiciais, em clima pacífico", disse a nota.
Movimentos sociais apóiam Dom CappioOntem (13/12), as sedes da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codvasf), de Guanambi e Irecê, na Bahia, foram ocupadas por manifestantes contrários ao projeto de transposição e solidárias a Dom Cappio. As ocupações, pacíficas, não têm atrapalhado o funcionamento dos escritórios. Em Irecê, 100 pessoas participam da ocupação, e, em Guanambi, 40. Entre os manifestantes, mais de 50 pessoas jejuam como ato de solidariedade.
Em Brasília (DF), na paróquia Santa Maria, 15 pessoas ligadas ao Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB) também fazem jejum durante todo o dia de hoje, contra a construção de novas barragens a partir dos grandes projetos previstos dentro do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) e em apoio a Dom Luiz Cappio.
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Adital, 13/12/2007)