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cop/unfccc
2007-12-14
Os países que mais contaminam e alguns gigantes petrolíferos são premiados por seu apego aos combustíveis fósseis, cortesia de ambientalistas que participam da conferência das partes da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática na ilha de Bali, na Indonésia. A comunidade de “cidadãos globais” Avaaz.org concede diariamente o prêmio “Fóssil do Dia” aos países que “fazem todo o possível para bloquear os avanços das negociações” rumo a outro acordo internacional aceito por consenso contra o aquecimento do planeta. “Avaaz” significa “voz” ou “canção” em várias línguas, como hindi, urdu, farsi, nepalês, dari, turco e bósnio, entre outras.

Os prêmios não são uma estatueta, mas pedaços de carvão entregues todos os dias em uma elaborada cerimônia no Centro Internacional de Conferências de Bali. O ritual pode ser visto no site do YouTube na Internet. Os ganhadores surgem de uma votação organizada pela Climate Action Network. Os prêmios não são entregues aos representantes oficiais dos países eleitos, mas a membros de delegações juvenis dessas nacionalidades.

Até ontem, os países que receberam o “Fóssil do Dia” em mais de uma ocasião foram Arábia Saudita, Austrália, Canadá, Estados Unidos e Japão. Nem mesmo a União Européia, geralmente considerada “progressista” em matéria ambiental, conseguiu evitar esse duvidoso prêmio. A UE recebeu seu pedaço de carvão por apoiar um fundo destinado a financiar os processos de adaptação à mudança climática dos países pobres cujos mecanismos são seriamente questionados pelo mundo em desenvolvimento por considerar que aprofunda as iniqüidades.

Ao justificar o prêmio concedido à União Européia, a Avaaz destacou que este bloco deveria apoiar uma ajuda incondicional para a adaptação, mas, entretanto, optou “pelo contínuo controle por parte dos países ricos de um sistema estabelecido para ajudar as nações mais ameaçadas a se adaptarem à mudança climática”. A Arábia saudita recebe três primeiros e dois segundos prêmios, que incluem um por sua acusação de que alguns países industrializados subornam os pobres.

O gigante petrolífero ganhou outro pedaço de carvão por uma longa e incoerente intervenção na conferência, na qual se queixou sobre uma “injusta” ênfase dada às emissões de dióxido de carbono. A Arábia Saudita também foi premiada por reclamar que um artigo do rascunho do documento final da conferência “não deveria juntar um tema econômico à nobre causa da luta contra a mudança climática”, alegando que dessa forma se afetaria as nações exportadoras de petróleo.

O Japão levou sete prêmios. Entre eles um “Primeiro Fóssil” e um “Segundo Fóssil” por não mencionar absolutamente metas nem prazos para redução de emissões contaminantes por parte dos países ricos. O Canadá recebeu nove fósseis, que incluem um por “reclamar metas de redução obrigatória tanto para nações ricas quanto para as pobres”. O júri recordou que as emissões de gases causadores do efeito estufa por habitante nesse país quintuplicaram em relação as da China e são 10 vezes mais elevadas do que as da Índia.

Os Estados Unidos obtiveram 10 fósseis, que incluíram dois primeiros prêmios em dias consecutivos. Ontem, a delegação de Washington recebeu o prêmio por seus esforços de último minuto para bloquear o consenso sobre redução de emissões causadas pelo desmatamento e pela degradação das florestas. Insistiu em uma mudança de redação de última hora, de intenções pouco claras, para vincular o desmatamento e a degradação com considerações muito mais amplas sobre o uso da terra.

“Se os Estados Unidos não podem ver a floresta por olhar a árvore, muito em breve não ficará nenhuma floresta para ver”, ironizou a Avaaz ao explicar os méritos acumulados para conceder o prêmio. Além disso, Estados Unidos e Canadá compartilharam um segundo prêmio por suas tentativas em modificar as disposições referentes ao nível de redução de emissões para os países ricos, que para muitos especialistas deveria ficar entre 25% e 40% em relação aos níveis de 1990.

Não ficaram alheios a este prêmio os esforços dos dois países para incluir referências a um “pico” de emissões de gases causadores do efeito estufa em nível mundial que se produziria em um prazo de 10 a 15 anos. “Se Estados Unidos e Canadá querem ser levados a sério, deveriam apoiar metas de redução de acordo com a magnitude do desafio. Se querem ser lembrados como os países que bloquearam a possibilidade de dar uma resposta seria à crise climática, estão no caminho certo”, destacou o texto que acompanha a entrega do prêmio.

Paula Dobriansky, chefe da delegação norte-americana, pareceu justificar os argumentos utilizados para conceder os 10 “fósseis” ao seu país, muitos deles baseado em tentativas de manipulação da linguagem nos documentos da conferência. “Ouvimos cuidadosamente os pontos de vista dos outros e continuaremos a ouví-los nos próximos dias. Esperamos encontrar um caminho que aproxime as posições e nos leve ao objetivo comum de enfrentar a mudança climática”, argumentou.

(Por Ramesh Jaura, IPS, 13/12/2007)


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