A família do bispo de Barra (BA), dom Luiz Flávio Cappio, 61, descartou ontem, em Sobradinho (BA), a possibilidade de interferir pelo fim da greve de fome do religioso contra a transposição das águas do rio São Francisco. O bispo completa hoje 17 dias de jejum. Continua lúcido e corado, mas demonstra impaciência.
"Se nossa mãe estivesse viva, seria a primeira a pegá-lo no colo e deixá-lo morrer", disse o irmão de d. Luiz, o comerciante aposentado João Franco Cappio, 71. "Quem somos nós para pedir que ele pare?", perguntou. "Ao contrário, o incentivamos a ir até o fim", disse.
"Se precisarmos transportá-lo num caixão até a cidade de Barra, onde ele quer ser enterrado, nós o levaremos."
O irmão de d. Luiz disse acreditar que só o papa Bento 16 poderá determinar o fim do jejum. "Mas o papa não fará isso, porque respeita as decisões de um bispo." O Vaticano já vem acompanhando o caso, segundo disse o senador Eduardo Suplicy (PT-SP). O congressista visitou d. Luiz e lhe disse que o presidente Lula ligou anteontem para o Vaticano.
"Só espero que Lula não tenha que levar na sua consciência a culpa pela morte de um bispo", disse João.
(Fábio Guibu,
Folha de São Paulo, 14/12/2007)