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mata atlântica
2007-12-14
Estudo brasileiro mostra que distância entre a floresta e o rio, aumentada pelo desmatamento, pode estar colocando esses animais em risco no planeta todo

A vida não está fácil para sapos, rãs e pererecas que vivem no interior de São Paulo nos remanescentes da mata atlântica. Acuados em pequenos trechos de floresta distantes de rios e lagos, os adultos precisam atravessar centenas de metros em meio a fazendas até alcançarem um local onde possam colocar seus ovos. Depois têm de fazer todo o caminho de volta. Na corrida de obstáculos, com o Sol lhes torrando a pele, precisam enfrentar pisadas de bois, predadores e agrotóxicos.

A chamada "desconexão de habitats" está sendo considerada por biólogos brasileiros como uma das principais causas do declínio de anfíbios. Acostumados a viverem em florestas com acesso fácil à água para o período de desova e nascimento dos filhotes, eles não estão lidando bem com as intervenções do homem que acabaram dividindo seu habitat.

Em artigo na revista "Science" (www.sciencemag.org), pesquisadores de várias instituições brasileiras avaliam essa fragmentação na mata atlântica -onde 93% da floresta natural foi devastada-, mas alertam que o problema pode estar ocorrendo em todo o mundo por conta da destruição de matas ciliares (vegetação na margem de rios e lagoas). No interior de São Paulo, além de boa parte dos trechos remanescentes da mata atlântica estarem separados das fontes de água por canaviais ou pastos, 76% da mata ciliar foi destruída.

"É muito comum vermos regiões que têm só uma matinha em cima do morro e lá embaixo fica o rio. No meio do caminho fica um ambiente inóspito que os sapos têm de atravessar. Às vezes são 500 metros... Para a gente é fácil, mas para um sapinho de dois centímetros, não", conta Carlos Roberto Fonseca, da Unisinos (Universidade do Vale do Rio dos Sinos), um dos autores do estudo.

Comparando fragmentos de mata com e sem riachos, os pesquisadores observaram que ocorre uma queda, nos últimos, de cerca de 50% no número de espécies e de indivíduos. De acordo com Fonseca, áreas de 15 km com mata ciliar preservada apresentam em média 15 espécies. Já os trechos do mesmo tamanho sem a mata ciliar têm somente seis ou sete.

A presença de fontes de água é fundamental porque 80% das espécies de anfíbios, apesar de viverem em terra, precisam ir até um rio. A fêmea adulta bota os ovos na água e é lá onde os filhotes vão nascer. Por isso os mais afetados pela desconexão de habitats são justamente os girinos, que já nascem em um ambiente hostil.

"Se na floresta intacta o sapinho nasce no igarapé, sai da água e já cai na floresta, aqui ele se depara com uma situação completamente desconhecida", afirma Fonseca.

E agora?

"Eles nascem em um habitat que não lhes é natural. Devem "pensar': E agora, pra onde eu vou?", afirma Carlos Guilherme Becker, pesquisador da Unicamp e da Unisinos e primeiro autor do trabalho. "Eles falham em encontrar o fragmento e muitos acabam voltando para o rio que, sem a mata, fica com temperaturas mais altas, desidratando os animais. Eles não vão para frente."

Segundo Becker, essa desconexão de habitats tem se mostrado mais prejudicial para os anfíbios da mata atlântica que a perda da floresta ou sua fragmentação -até então citadas como as principais causas dos declínios. "Acreditamos que este seja um dos principais motivos de diminuição no mundo inteiro. Contudo, só pesquisas posteriores poderão avaliar."

(Giovana Girardi, Folha de São Paulo, 14/12/2007)


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