Os recifes de coral do planeta estão ameaçados e correm sérios riscos se o nível de dióxido de carbono na atmosfera e a acidez das águas oceânicas continuarem aumentando no atual ritmo, segundo estudo publicado nesta quinta-feira (13). Os altos índices de acidez dissolvem minerais na água necessários para a calcificação dos corais, determinando sua morte prematura, alertaram em um estudo publicado pela revista "Science" os pesquisadores da Carnegie Institution, com sede em Washington.
A não ser que as emissões de carbono - principal responsável pelo aquecimento global - se estabilizem e caiam, 98% dos habitats dos recifes de coral estarão imersos em águas excessivamente ácidas, afirmaram os oceanógrafos e co-autores do estudo Ken Caldeira e Long Cao. Seus cálculos se baseiam em modelos computarizados da composição química da água, sempre em constante mutação, em relação aos crescentes níveis de carbono na atmosfera - de 280 partes por milhão (ppm) da era pré-industrial aos atuais 380 ppm, todo o caminho até chegar a 550 ppm.
As emissões de dióxido de carbono estão em alta especialmente por causa da atividade humana, e sobretudo devido à queima de combustíveis fósseis, apontaram os cientistas. "Quase um terço do dióxido de carbono lançado na atmosfera é absorvido pelos oceanos, o que ajuda a retardar o efeito estufa, mas é um grande poluidor do oceano", explicou Caldeira.
O dióxido de carbono absorvido produz ácido carbônico, que dissolve certos minerais, principalmente o argônio, que é utilizado pelos corais para fazer crescer seus esqueletos, disse. Se o carbono na atmosfera se estabilizar em 550 ppm, afirmou Cao, "nenhum recife de coral poderá sobreviver a esse ambiente".
Segundo Bob Steneck, da Universidade de Maine, outro co-autor do trabalho, quase um bilhão de pessoas na Ásia dependem da pesca nos recifes de coral. "Os recifes de coral estão sentindo os efeitos de nossas ações e é agora ou nunca o momento de atuar se queremos salvar estas criaturas marinhas e as formas de vida que deles dependem", concluiu. Os autores também apresentarão o estudo para a União Geofísica dos Estados Unidos em São Francisco, Califórnia.
(Globo Online,
Ambiente Brasil, 14/12/2007)