O aumento do comércio internacional e a globalização facilitaram o transporte de sementes e plantas de um país para o outro. Com isso, muitas espécies exóticas começaram a tomar o lugar das plantas nativas, diminuindo a biodiversidade. O Secretariado da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) estima que, desde 1600, as plantas exóticas contribuíram com 39% de todos os animais extintos.
Os dados da Convenção impressionam: mais de 120 mil espécies exóticas de plantas, animais e microrganismos já invadiram os Estados Unidos da América, Reino Unido, Austrália, Índia, África do Sul e Brasil. "As espécies exóticas invasoras estão entre as principais causas de perda de biodiversidade do planeta, tanto que a Convenção da Diversidade Biológica prevê o controle e erradicação delas e o Ministério do Meio Ambiente tem um projeto de levantamento de dados em âmbito nacional", afirma o biólogo Marcelo Moro, mestrando em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
A CDB considera espécie exótica toda aquela que se encontra fora de sua área de distribuição natural. A "espécie exótica invasora" é a que ameaça ecossistemas, habitats ou espécies. As vantagens competitivas, a ausência de predadores e a degradação dos ambientes naturais favorecem a dominação por essas espécies dos nichos ocupados pelas nativas.
No Ceará, a tradicional carnaúba está sofrendo com a invasão de uma espécie africana de Madagascar. A cryptostégia grandiflora, conhecida como unha do diabo, chegou como planta ornamental. Essa espécie cresce rapidamente em torno da carnaúba, deixando-a sem oxigênio e causando sua morte. Quem sai perdendo são os agricultores que vivem da venda da cera da carnaúba.
Segundo o biólogo, a solução para esse e outros problemas seria o uso de espécies nativas na arborização, trazendo grandes benefícios ecológicos e educacionais: "As pessoas conheceriam a biodiversidade nativa e poderiam ajudar a conservá-la. Além disso, as árvores fariam parte da biota urbana". Moro alerta que, apesar dos benefícios de usar plantas nativas na arborização e dos danos ambientais que as exóticas invasoras têm causado por todo o planeta, no Ceará, e mais particularmente em Fortaleza, o predomínio absoluto na arborização é de espécies exóticas.
Preocupado com a perda de biodiversidade, o Ministério do Meio Ambiente, por meio da Diretoria do Programa Nacional de Conservação da biodiversidade e da Secretaria de Biodiversidade e Florestas, está desenvolvendo um amplo e efetivo programa voltado às espécies exóticas invasoras. O programa busca identificar e localizar esses invasores, além de avaliar os impactos ambientais e socioeconômicos provocados por eles. O projeto é realizado em parceria com outros setores governamentais, organizações não-governamentais e universidades.
Para mais informações sobre espécies exóticas invasores e sobre o programa de identificação, acesse os sites:
horus e
mma(
Adital, 12/12/2007)