Sacolas de pano e atividades que estimulam a conscientização provocaram uma reação positiva nos cidadãos
Lajeado - A Secretaria do Meio Ambiente trabalhou de forma enfática para colocar em prática ações de proteção à natureza. Mais que atitudes positivas, o resultado veio em forma de mudanças nos hábitos e comportamento. Ontem, ao fazer o balanço das atividades realizadas em 2007, a secretária do Meio Ambiente Simone Schneider frisou um novo padrão no viés comportamental do cotidiano dos lajeadenses. Eles estão requisitando menos cortes de árvores e levando sacolas de pano para fazer suas compras no mercado.
Simone tem o respaldo dos números para comprovar a boa notícia. No ano passado mais de 200 pessoas fizeram pedidos de cortes de árvores para abertura de empreendimentos. Neste as requisições foram reduzidas em 50%. Em parte porque a Adminstração, para evitar o corte de árvores, fornece desconto no Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). Mas também porque as constantes campanhas de que é preciso valorizar e preservar cada pedaço de verde estão surtindo efeito.
Um dos motes da Sema e que repercutiu em todo o Brasil foi a moda das sacolas de pano. Em uma iniciativa original e que chamou a atenção de outros municípios, a equipe ambiental do município "tirou da manga" uma idéia do tempo das avós. Resgatar o hábito de levar as compras para casa em sacolas de pano para substituir as de plástico. O projeto lançado em junho foi considerado exemplar.
As sacolas foram entregues em supermercados, feiras de produtores e podem ser conseguidas por meio da troca de um quilo de alimento não-perecível. Se for levado em conta o número distribuído, pelo menos 10% da população tem alguma unidade em casa, o que basta para ir ao mercadinho e adquirir o rancho básico. Uma sacola de plástico que deixa de ser usada representa um ganho ambiental. Depois que vira lixo, leva 200 anos para se decompor na natureza.
A servente Ilca Maria Mätcke está consciente de que é preciso fazer a sua parte. Desde que as sacolas foram lançadas ela se empenhou em adquiri-las. Também envia exemplares para seus familiares no interior do município. Tem três bolsas em casa e sempre usa-as para colocar os produtos. "Eu substituo as de plástico. Imagina quanto lixo a gente coloca na natureza. É uma vergonha ver o que aparece durante as enchentes."
Ao mesmo tempo em que lançou moda, a Sema intensificou as ações. Ao Centro de Educação Ambiental - espaço destinado para educar a comunidade - alunos, clubes de mães, moradores de bairros foram levados a refletir sobre a importância de seus gestos. Jogar lixo no chão repercute na ecologia. E em espaços destinados à execução de atividades positivas, como a Sala da Natureza, Biblioteca Ambiental e o Laboratório Verde, incorporaram o jeito certo de respeitar o meio. "O Centro de Educação Ambiental teve um aumento no número de visitantes. De dez mil passou para 17 mil neste ano", comemora a secretária.
O Centro de Controle de Zoonoses foi outro projeto importante desenvolvido em 2007. Ali centraliza-se a equipe que trabalha no combate a pernilogos, ratos e mosquitos. Em 2007 as ações foram intensificadas e o controle do borrachudo está sendo feito o ano inteiro. A população que antes reclamava dos mosquitos não tem mais do que se queixar. Para 2008 a Sema vai incrementar uma espécie de clínica veterinária O local vai funcionar para recolher os bichos doentes, tratá-los, fazer a castração e encaminhá-los para adoção. "Nosso objetivo é diminuir a população de animais de rua."
O que vem para 2008
Parte do Orçamento de R$ 1,894 milhões de que a Sema dispõe para 2008 vai ser utilizada para reestruturação da coleta seletiva de lixo. Será um dos principais projetos. Segundo a secretária Simone, vai envolver catadores e colocação de novas lixeiras nos bairros em pontos específicos. A coleta de lixo vai alegrar os ouvidos. Sempre que o caminhão do lixo reciclável passar, os moradores ouvirão um jingle da coleta seletiva. Assim ficará mais fácil memorizar os dias em que há recolhimento e planejar a separação.
A secretaria também quer assumir o licenciamento ambiental pleno. Assim ficaria responsável pela liberação dos loteamentos residenciais. "Vai dar agilidade ao processo. O tempo de espera na Fepam é de seis meses. Vai cair para 30 dias."
Entre as perspectivas está ainda a ampliação do horto medicinal do Jardim Botânico e o lançamento do projeto Ambiente-se. A secretaria irá até os bairros trabalhar a educação ambiental e ouvir as sugestões dos moradores.
(Por Andréia Rabaiolli, O Informativo do Vale, 12/12/2007)