O diplomata argentino Raúl Estrada Oyuela, 69, considerado o "pai" do Protocolo de Kyoto, afirma estar pouco otimista em relação às negociações da Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança Climática, que está sendo realizada em Bali, na Indonésia. Em entrevista à Folha, Estrada criticou a posição tanto dos países em desenvolvimento quanto dos desenvolvidos em relação à mudança climática.
Diplomata de carreira, Estrada já serviu em Washington, Brasília, Santiago e Pequim. Foi o chefe do comitê que há 12 anos estabeleceu o Mandato de Berlim, instrumento que baseou o acordo de Kyoto. É considerado o principal arquiteto da negociação que resultou no tratado.
Segundo o diplomata, "fora da União Européia, os países desenvolvidos estão renitentes quanto a cumprir os compromissos do Protocolo de Kyoto e sobretudo a renová-los com maior profundidade". Enquanto isso, "os países em desenvolvimento mantêm o mesmo tipo de discurso de 20 anos atrás, e que deve ser atualizado".
Ele também criticou o impasse existente entre os países em relação a um acordo claro quanto à defesa do ambiente. "Não se pode ter Índia e China dizendo que não farão o que precisam se os EUA não fizerem primeiro e os EUA dizendo que não farão se a Índia e a China não fizerem primeiro. Tem de haver um acordo onde todos se comprometam. Se quer um acordo onde todos se comprometam, o Brasil deve se comprometer, afirmou.
Segundo Estrada, a posição brasileira em relação às negociações sobre o clima é inexplicável ("impossível de explicar às pessoas comuns"). Para o diplomata, o Brasil ainda não disse qual será seu compromisso em relação a esse assunto.
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Folha Online, 12/12/2007)