O CMSE (Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico) --que tem representantes do governo e de órgãos do setor elétrico-- decidiu nesta quarta-feira acionar termelétricas a óleo do Nordeste para compensar a falta de chuvas na região neste período.
A alternativa natural seria recorrer à térmicas a gás, que são mais baratas e menos poluentes do que as movidas a óleo. Porém, de acordo com o secretário de Energia do Ministério de Minas e Energia, Ronaldo Schuck, a Petrobras informou que não existe gás para acionar mais usinas do que as que já estão gerando energia.
Segundo Schuck, a estatal está entregando mais gás do que o exigido pelo termo de compromisso assinado com a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). "No curto prazo, não há expectativa de gás além do que está sendo operado atualmente", declarou.
As termelétricas serão usadas para poupar os reservatórios das hidrelétricas na Região Nordeste. No momento, eles estão em 27%, contra 54% no mesmo período do ano passado. Na barragem de Sobradinho, o nível caiu para 12%, próximo aos 10% considerados nível mínimo de segurança para a região.
"Obviamente a questão do Nordeste neste momento exige atenção. Não ocorreram as chuvas no nível como nós gostaríamos e a intenção é que (o nível dos reservatórios) estabilize mesmo que não ocorra chuva imediata", afirmou.
Serão acionadas imediatamente quatro termelétricas a óleo com capacidade para 600 MW médios. Além disso, usinas das regiões Sudeste e Centro-Oeste vão transferir 300 MW médios para a região Nordeste e a usina de Tucuruí passará a gerar de 200 a 300 MW médios que serão enviados à região. As medidas serão tomadas a partir deste fim de semana.
Apesar da preocupação, Schuck afirmou que o risco de racionamento na Região Nordeste ainda está mais baixo do que 5%, o que é considerado normal. Ele descartou risco de apagão na região e disse que a meta é poupar as hidrelétricas para chegar a abril, fim do período chuvoso, com os reservatórios cheios para enfrentar o período seco.
"Temos certeza que com essas medidas vamos recuperar o nível", ressaltou.
Com a utilização de termelétricas mais caras, consumidores de todo o país terão que pagar a conta. Para Schuck, o impacto na tarifa será muito pequeno, pois os custos são divididos entre todos os consumidores, e só ocorrerá em 2008.
O CSME é integrado por representantes do Ministério de Minas e Energia, Aneel, ONS (Operador Nacional do Sistema), CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica) e ANP (Agência Nacional do Petróleo). Para a reunião de hoje, foram convocados também representantes da Petrobras.
(Lorenna Rodrigues,
Folha Online, 12/12/2007)