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derretimento das geleiras ártico
2007-12-13
Um estudo realizado nos Estados Unidos e na Polônia aponta que o Oceano Ártico poderá passar o verão totalmente sem gelo dentro de apenas cinco ou seis anos. Em uma apresentação no encontro da União Americana de Geofísica, em San Francisco, a equipe de cientistas da Nasa e da Academia Polonesa de Ciências disse que projeções anteriores subestimaram o processo que está causando o derretimento do gelo no Ártico.

A equipe de pesquisadores se concentrou em medidas da camada de gelo observadas entre 1979 e 2004, mas a extensão mínima de gelo foi registrada no verão deste ano. "Com isso, podemos até dizer que nossa projeção para 2013 já é tímida", disse Wieslaw Maslowski, chefe do grupo de cientistas.

Segundo o estudioso, a diferença entre outros estudos e o seu está na resolução dos modelos criados para simular as situações no futuro. "Nós usamos um modelo de alta resolução, com dados atmosféricos realísticos", disse Maslowski. "Com isso, conseguimos uma imagem muito mais realista, com a influência de forças acima da atmosfera e abaixo do oceano."

O grupo do professor Maslowski, que inclui cientistas da Nasa e do Instituto de Oceanologia e da Academia Polonesa de Ciências, é conhecido por produzir dados e modelos mais avançados em relação a outros grupos de estudo. Os outros grupos de pesquisadores produziram informações para um verão com o Oceano Ártico aberto em um período que varia entre 2040 e 2100.

Para Maslowski, estes modelos subestimaram alguns processos importantes envolvidos no derretimento das geleiras. O pesquisador afirma que os modelos precisam incorporar representações mais realistas da forma como a água quente está se movendo pela bacia ártica, vinda dos oceanos Atlântico e Pacífico. "O que alego é que os modelos climáticos globais subestimam a quantidade de calor transportada para o oceano de gelo", afirmou.

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), da ONU, usa a média de uma série de modelos para calcular a perda de gelo na região. Mas, nos últimos anos, aparentemente a taxa real de derretimento das geleiras no verão está ficando à frente dos modelos. Em setembro deste ano, a camada de gelo sofreu uma retração recorde e ficou com 4,13 milhões de quilômetros quadrados.

A marca anterior havia sido registrada em 2005, quando a extensão de gelo foi de 5,32 milhões de quilômetros quadrados. O Centro Nacional de Informações sobre Neve e Gelo dos Estados Unidos (NSIDC) coleta informações a respeito da extensão do gelo no Oceano Ártico e faz boletins regulares sobre o assunto. O cientista do centro, Mark Serreze, foi um dos palestrantes do encontro da União Americana de Geofísica, em San Francisco, e discutiu a possibilidade de um mar aberto, sem geleiras, no Oceano Ártico, durante os meses do verão.

"Há alguns anos, eu pensava (nesta possibilidade) para 2050, 2070, até além do ano 2100, pois isto era o que nossos modelos nos mostravam", afirma Serreze. "Mas, como vimos, os modelos não são rápidos o bastante no presente", acrescentou. "Estamos perdendo gelo a uma velocidade maior." "Minha opinião é que 2030 não é um ano cedo demais. Mas Maslowski é da opinião de que poderá acontecer em 2013. Veremos como será o resultado", concluiu o cientista.

(Estadão Online, Ambiente Brasil, 13/12/2007)




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