Após uma semana e meia de muita negociação e poucos resultados concretos revelados, a 13ª Conferência das Partes sobre o Clima (COP-13) entrou em uma segunda etapa, a fase ministerial. Ministros e chefes de Estado participaram da cerimônia de abertura e até sexta-feira (14/12) deverão bater o martelo sobre os resultados da conferência, com o estabelecimento do chamado Mapa do Caminho, um roteiro para o futuro regime global de mudanças climáticas que sucederá o primeiro período de compromisso do Protocolo de Kyoto.
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-Moon disse que as mudanças climáticas "são o maior desafio moral da nossa geração" e citou os resultados científicos apresentados ao longo do ano pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) como um sinal de urgência por respostas políticas ao aquecimento global. "A hora de agir é agora. O mundo está de olho nas negociações em Bali", afirmou.
Em um discurso interrompido por aplausos, o primeiro ministro da Austrália, Kevin Rudd, empossado recentemente, disse que o país pretende reduzir em 60% as emissões de gases de efeito estufa até 2050.
Rudd, que assinou o Protocolo de Kyoto há uma semana, reconheceu que "ações unilateriais não resolverão o problema" e, numa referência aos Estados Unidos, disse que os países têm que assumir compromissos efetivos em relação às mudanças climáticas, estejam eles dentro ou fora do âmbito do protocolo. "Não haverá plano B, não temos outro planeta para fugir", afirmou.
A dois dias do final da reunião, alguns resultados já foram anunciados antes das decisões ministeriais. Depois de muito negociar, os países concordaram em implementar o chamado Fundo de Adaptação, com recursos para preparar as nações mais vulneráveis para lidar com os impactos das mudanças climáticas.
O Banco Mundial vai bancar o fundo e o Global Environmental Facility (GEF) será o gestor temporário, até o estabelecimento de um comitê com 16 membros referendados pela Convenção-Quadro da ONU sobre Mudanças Climáticas.
Um documento sobre a redução de emissões por desmatamento também foi acordado pelos integrantes do grupo de trabalho internacional formado para debater o assunto e deverá orientar a criação de um mecanismo para o tema em meados de 2008, depois de receber sugestões dos países.
Já o debate sobre transferência de tecnologia, anunciado desde o início da COP como um dos principais desafios para alavancar a redução de emissões de gases de efeito estufa, principalmente nos países em desenvolvimento, ficou de fora da agenda de mudanças climáticas este ano.
(Por Luana Lourenço, Agência Brasil, 12/12/2007)