O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Geraldo Lyrio Rocha, e o secretário-geral, dom Dimas Lara Barbosa, pediram nesta quarta-feira (12/12) ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que sejam retomados os estudos sobre a transposição do Rio São Francisco, atualmente suspensa por decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região.
No encontro, os representantes da CNBB conversaram com o presidente sobre a manifestação realizada pelo bispo de Barra, na Bahia, dom Luiz Flávio Cappio, que está em jejum desde 27 de novembro contra a transposição.
O presidente da CNBB disse que este é o começo de um diálogo e, por isso, ainda não é possível saber que mudanças vão ocorrer depois do encontro com o presidente Lula.
“A presidência da CNBB apresentou seus pontos de vista, ouviu as justificativas da Presidência da República, apresentou uma sugestão, colocou-se à disposição para intermediar um diálogo entre as partes e propôs que se retome um estudo sobre a transposição e as propostas alternativas”, afirmou dom Geraldo Lyrio Rocha. Para ele, o governo não se mostrou fechado ou intransigente ao diálogo, inclusive em relação a possibilidade de realizar estudos com especialistas que tenham divergências ao projeto.
O secretário-geral da CNBB disse ter argumentado com o presidente Lula sobre a existência de opiniões divergentes a respeito do projeto e sugerido um empenho do governo para explicá-lo à sociedade.
"A complexidade técnica do programa é tão grande que eu sugeri que houvesse um esforço da parte do governo para explicar o que vem a ser transposição ou como eles preferem dizer interligação de bacias, porque parece que não existe ainda informação suficiente por parte da população”, ponderou dom Dimas Lara Barbosa.
Esta é a segunda vez que o bispo dom Luiz Flávio Cappio entra em greve de fome em protesto contra as obras de transposição do Rio São Francisco. Em 2005, dom Cappio ficou 11 dias sem comer e só terminou a greve depois que o governo se comprometeu a promover uma discussão nacional sobre o projeto e dar atenção especial aos impactos ecológicos e à situação das populações ribeirinhas.
(Por Gláucia Gomes, Agência Brasil, 12/12/2007)