Empresas buscam legislação que garanta projetos no país
Sede de quase 70% dos US$ 5,88 bilhões em investimentos programados pela indústria de celulose e papel para o país até 2012, o Rio Grande do Sul está no centro da discussão que o setor pretende liderar sobre as atividades dos movimentos sociais e organizações não-governamentais ligadas ao ambiente.
A idéia é envolver governo, sociedade e militantes dessas organizações e pressionar pela definição dos direitos e de limites para a interferência em projetos do setor no país, explicou ontem o presidente do conselho da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa), Horácio Lafer Piva.
O Estado, avaliou, é fundamental para o futuro da indústria nacional por reunir áreas e logística. Porém, conflitos como a invasão do viveiro da Aracruz em março do ano passado e as recentes batalhas política e judicial em torno dos licenciamentos para plantio, surpreenderam o setor:
- Pensávamos que toda a questão (temor de danos à fauna e à flora) estivesse melhor compreendida pela sociedade, mas estamos percebendo que é preciso dialogar mais e essa será nossa prioridade em 2008 - afirmou.
Para a presidente da entidade, Elizabeth de Carvalhaes, a falta de regras claras e a tomada de decisões por meio de decretos, que mudam de uma hora para outra as variáveis envolvidas na escolha de uma área de instalação, ameaçam a concretização de projetos como os que a Aracruz, Stora Enso e Votorantim Celulose e Papel (VCP) têm para a Metade Sul gaúcha. Outro foco de estresse, disse, são o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), os quilombolas e os povos indígenas.
- Temos bilhões de dólares em investimentos que estão praticamente à deriva, pois não há limites estabelecidos para a discussão - afirmou.
Fabricantes investiram neste ano US$ 1,9 bilhão
A Bracelpa agora pretende aumentar a presença em Brasília, onde o alvo é a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das ONGs, instalada no mês passado, mas que deverá começar as apurações em janeiro ou fevereiro. Piva disse que a entidade irá pressionar para que a CPI investigue a origem dos recursos que sustentam as atividades de ONGs. Há suspeita de que algumas tenham ligações com empresas estrangeiras interessadas em reduzir a competitividade do Brasil, que tem hoje um dos menores custos de produção de celulose do mundo.
Este ano, os fabricantes de celulose e papel investiram US$ 1,9 bilhão na expansão da capacidade. A executiva afirmou que o programa setorial, que prevê a aplicação de US$ 14,4 bilhões entre 2003 e 2012, será superado.
- Os escandinavos deixaram de investir em seus países para investir no Brasil. Então, é nosso papel assegurar esses projetos - disse Elizabeth.
(Por Lúcia Ritzel, Zero Hora, CP, 12/12/2007)