O Brasil enfrenta as negociações na Conferência sobre Mudança Climática de Bali (Indonésia) de forma construtiva, declarou o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, ontem (11/12), quando o encontro se prepara para entrar em sua fase decisiva.
"O Brasil vê as discussões de uma forma construtiva, queremos um resultado positivo, evidentemente na redução das emissões, mas também no fato de contar com os meios para continuar reduzindo o desmatamento", afirmou Amorim.
"É tão difícil para o Brasil reduzir o desmatamento como provavelmente é para os países densenvolvidos reduzir suas emissões energéticas", defendeu o chefe da diplomacia brasileira, acrescentando desejar que estes "continuem e ampliem seus atuais compromissos nesse sentido".
Negociações A Conferência de Bali entra nesta quarta-feira (12) em sua fase decisiva com a participação dos ministros do Meio Ambiente de 130 países. "Se conseguirmos um mapa do caminho consistente, este será o principal resultado da conferência, um processo positivo orientado numa boa direção", afirmou Amorim.
No entanto, o Brasil se mantém firme em questões-chave como a compensação por parte dos países ricos aos países pobres por frear o desmatamento ou o uso excessivo dos mecanismos de mercado. "Os governos têm de enfrentar suas responsabilidades e não pensar que o mercado solucionará tudo".
Amorim disse ainda que, se os Estados Unidos e a União Européia desejam mesmo lutar contra o aquecimento global, será uma "aberração" não incluir os biocombustíveis na proposta para eliminar das taxas de importação de produtos com interesse ecológico.
"Se se está realmente interessado em lutar contra a mudança climática, é uma aberração não incluir, na eliminação de taxas de importação, o bioetanol ou os biocombustíveis em geral, o único produto com efeitos medidos, conhecidos e inegáveis", afirmou o ministro das Relações Exteriores do Brasil, principal produtor mundial de biocombustíveis.
Tecnologia limpa Com a afirmação, Amorim fez referência a uma proposta apresentada há duas semanas à OMC (Organização Mundial do Comércio) por americanos e europeus para eliminar as taxas de importação de 43 produtos ecológicos, com o objetivo de estimular o combate ao aquecimento do planeta.
A lista de produtos inclui painéis solares, turbinas eólicas ou bicicletas, mas também cadeados, porque estes acompanham as bicicletas, lamentou o chanceler brasileiro, que questionou a vontade ecológica da proposta.
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Folha Online, 11/12/2007)