Se os Estados Unidos (EUA) e a União Européia (UE) desejam lutar contra o aquecimento global seria uma "aberração" não incluir os biocombustíveis na proposta para eliminar das taxas de importação de produtos com interesse ecológico, afirmou o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.
"Se há realmente interesse em lutar contra a mudança climática, é uma aberração não incluir, na eliminação de taxas de importação, o bioetanol ou os biocombustíveis em geral, o único produto com efeitos medidos, conhecidos e inegáveis", afirmou o ministro das Relações Exteriores do Brasil, principal produtor mundial de biocombustíveis.
O chefe da diplomacia brasileira fez a declaração em uma entrevista coletiva à margem da Conferência sobre Mudanças Climáticas de Bali (Indonésia).
Amorim fazia referência a uma proposta apresentada há duas semanas à OMC (Organização Mundial do Comércio) por americanos e europeus para eliminar as taxas de importação de 43 produtos ecológicos, com o objetivo de estimular o combate ao aquecimento do planeta.
A lista de produtos inclui painéis solares, turbinas eólicas ou bicicletas, mas também cadeados, porque estes acompanham as bicicletas, lamentou o chanceler brasileiro, que questionou a vontade ecológica da proposta.
"Se existe um produto que demonstrou sua eficácia na redução de emissões de carbono é o álcool", disse. No entanto, sob a alegação de que se trata de um produto agrícola foi excluído da proposta.
A oferta dos EUA e da UE integra as negociações da Rodada Doha sobre a liberalização do comércio mundial, iniciadas em 2001 na capital do Qatar. Dentro da rodada existe um capítulo sobre meio ambiente sobre o qual os países não conseguem chegar a um consenso.
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Folha Online, 11/12/2007)