Uma queda de 15,7% na produção de carvão vegetal obtido por meio do extrativismo foi apurada pela pesquisa Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura, divulgada nesta terça-feira (11/12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número, registrado em 2006 em comparação ao ano anterior, reverteu a tendência de alta observada desde 1998.
Para o gerente da pesquisa, Luis Celso Guimarães Lins, esse é o principal resultado da pesquisa. “A queda foi na produção de carvão oriundo de desmatamento. Então, houve uma diminuição de árvores abatidas com essa finalidade”, afirmou Lins à Agência Brasil. Por outro lado, a produção de carvão proveniente de silvicultura (cultivo de florestas) cresceu. Na soma, a produção de carvão vegetal caiu 6,9%, segundo o IBGE.
A retração na produção extrativista de carvão se deu, basicamente, na Bahia, completou o técnico. A redução no estado foi de 54,6%, de acordo com os dados do instituto. “Em 2005 foram colocadas muitas licenças para desmatamento de áreas para expansão agrícola, levando lá em cima o carvão vegetal da Bahia”, disse Lins. “E em 2006 teve uma fiscalização maior, essas licenças deixaram de ocorrer. Então, deu essa queda boa em termos de Brasil.”
Segundo a pesquisa, a produção de carvão proveniente da silvicultura vem crescendo desde 2002 e aumentou 3,3% no ano passado, totalizando cerca de 2,609 milhões de toneladas – um pouco mais de metade de produção, que foi de 5,114 milhões de toneladas no total.
O principal estado produtor de carvão vegetal de florestas cultivadas em 2006 foi Minas Gerais, com 75,7% da produção nacional, destacando o município de Buritizeiro, com 446,7 mil toneladas. Por outro lado, o principal estado produtor de carvão obtido da extração vegetal foi Mato Grosso do Sul, que respondeu por 24% do total produzido no país. Por municípios, a produção de carvão do extrativismo foi liderada por Jaborandi (BA), com 6,7% da produção nacional.
A pesquisa do IBGE mostra ampliação de 3,5% da produção nacional de madeira em tora na atividade extrativista em relação a 2005. No segmento de florestas plantadas, a variação foi quase zero: o incremento foi de 0,2%. No segmento extrativista, o Pará é o maior produtor, com 52,9% dos 17,985 milhões de metros cúbicos coletados no país. “Os cinco principais municípios produtores estão no estado”, disse Lins.
Já a produção de madeira de florestas plantadas para fabricação de papel e celulose cresceu 0,8%. Concentra-se em São Paulo, que respondeu por 35,6% (mais de um terço) dos 55,114 milhões de metros cúbicos produzidos no Brasil em 2006. “No extrativismo, você tem o destaque do norte do país, onde estão as matas. E na silvicultura, o plantio, você está em São Paulo, Paraná, pega um pedaço da Bahia, Minas, Espírito Santo. É um pedaço mais aqui para baixo”, indicou o gerente da pesquisa.
Para Luis Celso Guimarães Lins, outro destaque da pesquisa é apontar para a manutenção crescente do setor da silvicultura, principalmente para papel e celulose. “A silvicultura tem que se precaver. Se você monta uma indústria, você tem que ter matéria-prima para fazer ela funcionar. O que a gente está vendo na pesquisa é que cada vez mais estão aumentando esses plantios de essências exóticas [isto é, não nativas] visando à manutenção dessas fábricas no futuro e também a exportação de pasta de celulose”, disse Lins, citando eucalipto e Pinus (gênero de pinheiros).
(Por Alana Gandra, Agência Brasil, 11/12/2007)