Tomates secos e água quente, ambos gerados a partir da energia solar. Isso é parte dos resultados do trabalho desenvolvido pelo Grupo Solaris, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP. O projeto, que é comandado pelo professor Sérgio Oliveira Moraes, tem como objetivo o desenvolvimento da energia solar e sua aplicação em práticas do dia-a-dia.
Moraes diz que já foram produzidos secadores de frutas e hortaliças e aquecedores de água. Estes servem como pré-aquecimento à água do chuveiro, fazendo com que um banho quente seja obtido mesmo com o aparelho selecionado nas opções “frio” ou “morno”.
A economia é uma das vantagens da energia solar; outra, também importante, está no fato dela ser renovável. O impacto ambiental é positivo, pois com o seu uso reduz-se o consumo de energia elétrica, gás e lenha.
O professor ressalta o papel que o secador de frutas desempenha na economia da região de Piracicaba, onde está localizada a Esalq. Foram feitas parcerias com produtores rurais da região que conseguiram valorizar os seus produtos, já que a desidratação aumenta o tempo de prateleira dos itens.
O secador, segundo Moraes, pode também ter uso doméstico, já que, em menor escala, pode ser utilizado para a secagem de bananas e tomates. Outro equipamento com uso doméstico é o forno solar, onde se é possível cozinhar alimentos, como o arroz.
Aquecedor solar de água economiza energia elétrica gasta no chuveiroPedagogiaO Solaris atua nas escolas públicas de Piracicaba em parceria com o projeto Família na Escola, do governo estadual. “Além do incentivo financeiro à energia solar, precisamos de mudança de hábitos”, diz Moraes.
A parceria, que recebe o apoio da Comissão de Cultura e Extensão da Esalq, consegue realizar atividades multidisciplinares. “O projeto ajuda no ensino de ciências, como física e matemática. Mas também na área de história e geografia, pois, por exemplo, com o aquecedor você pode falar da história dos alimentos e da posição em que se recebe mais luz do sol na Terra”, afirma o professor.
HistóricoMoraes trabalhava com a montagem de equipamentos científicos que, segundo ele, “não empolgavam”. Foi assim que ele percebeu que a vocação e o interesse dos alunos da Esalq eram mais na área de engenharia agronômica do que em ciências "duras".
Secador de frutas construído pelo SolarisO Solaris nasceu após Marcelo Precoppe, hoje engenheiro florestal, mas à época aluno da graduação, ter procurado Moraes para adaptação de instrumentos alternativos de energia que ele havia visto em algumas comunidades no Tennessee, Estados Unidos.
Mesmo com os esforços do Solaris, Moraes afirma que “o Brasil aproveita muito pouco esse potencial elétrico”. Ele ressalta o chuveiro elétrico representa 50% do consumo de energia de uma casa, mas isso poderia ser reduzido com o uso da energia solar. O professor lembra também que falta incentivo governamental para que a prática da energia solar seja mais difundida.
ServiçoVeja como montar um secador de frutas. O manual elaborado pelo Solaris pode ser visto
aqui .(Envolverde/Agência USP)
10/12/2007 - 03h12
(Por Rafael Kato, USP Online,
Envolverde, 10/11/2007)