O diretor do Serviço Floresta Brasileiro, Tasso Azevedo, confirmou na segunda-feira, 10, na 13ª. Conferência do Clima (COP-13) que na quarta-feira, 12, o Brasil apresentará um plano de metas quantificáveis de redução de emissões de gases-estufa pelo desmatamento evitado de florestas, inclusive com "projetos demonstrativos".
O governo brasileiro afirma que três anos de redução do desmatamento na Amazônia representa uma economia de 500 milhões de toneladas de CO2, que deixaram de virar gás-estufa para continuarem na forma de vegetação.
A ONG WWF divulgou resultados preliminares de um levantamento sobre quanto carbono deixou de ser emitido com a criação de unidades de conservação na Amazônia brasileira. Segundo o informe, a conservação de 31,2 milhões de hectares de floresta tem o potencial de estocar, até 2050, 1,8 bilhão de toneladas de carbono na forma de floresta resguardada pelo Programa de Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa), apoiado pelo WWF.
O carbono é conservado como biomassa (folhas, tronco e raízes). Quando liberado pelo desmatamento, ele se acumula na atmosfera e ajuda a agravar o efeito estufa. O cálculo foi feito por uma parceria entre a ONG, o Instituto de Pesquisas Ambientais da Amazônia (Ipam) e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com o apoio do Centro de Pesquisa Woods Hole.
O grupo de trabalho que trata do segundo período de compromisso do Protocolo de Kyoto, que termina em 2012, conseguiu um acordo sobre qual é o próximo passo a ser dado pelos países ricos no combate ao aquecimento global: cortar as emissões de gases do efeito estufa entre 25% e 40%, até 2020, em relação aos índices de 1990.
Esse é o índice que a União Européia e 200 cientistas defendem como minimamente seguro para lidar com a questão. Ainda não significa que a nova meta de corte de emissões levará necessariamente em conta este patamar, nem que ela seja mantida no texto aprovado no final da Conferência do Clima, mas indica que alguma concordância existe entre as nações desenvolvidas sobre metas mais agressivas.
A questão que se coloca é se os países cumprirão este ou qualquer acordo. Hoje, nem todos os países ricos que estão dentro do Protocolo de Kyoto conseguirão cumprir suas metas - e isso que elas são de apenas 5,2%, em média, em relação a 1990.
No mesmo dia que o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), formado por milhares de cientistas de todo o mundo, recebe o Prêmio Nobel da Paz, e enquanto todos os países do mundo estão reunidos em Bali para montar estratégias efetivas no controle do efeito estufa, alguns céticos do aquecimento global trafegam pela COP-13, especialmente na sala de imprensa, tentando convencer alguém de que aquecimento global é balela.
Um dos melhores argumentos vem do Painel Internacional Não-governamental sobre Mudanças Climáticas (NIPCC), grupo de "cerca de 20 climatologistas", segundo um comunicado enviado por e-mail aos jornalistas que cobrem a conferência. Eles afirmam que o acúmulo de CO2 na atmosfera é bom, que os modelos climáticos usados pelos cientistas estão errados, que todas as estratégias de mitigação de emissões de gases-estufa (inclusive os biocombustíveis) são inúteis e que investir nelas é jogar dinheiro fora.
Atrás do argumento está o visconde Christopher Monckton de Brenchley, que foi conselheiro político de Margaret Thatcher. Seus argumentos são velhos conhecidos dos climatologistas e já foram batidos e rebatidos tanto em discussões inflamadas quanto tópico por tópico.
(Cristina Amorim,
O Estado de São Paulo, 11/12/2007)