As comunidades indígenas Enawenê-Nawê e Mynky liberaram neste final de semana, as estradas vicinais que dão acesso a fazendas e às Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), na região de Sapezal, que haviam sido bloqueadas na sexta-feira. Mas a situação continua tensa na área, pois os índios ainda mantêm cerca de 350 trabalhadores das usinas reféns nos pátios da empresa.
O superintendente de Assuntos Indígenas da Casa Civil, Rômulo Vandoni Filho, e o superintendente de Infra-estrutura, Mineração, Indústria e Serviços da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), Salatiel Alves Araújo, estiveram no local durante todo o dia de sábado para negociar com os manifestantes (cerca de 120 indígenas).
A liberação ocorreu após as autoridades presentes garantirem uma reunião para a próxima terça-feira, em Sapezal, com a presença do vice-presidente e diretor de Assistência da Funai, Aloysio Guapindaia e do procurador da República Mário Lúcio Avelar, representando o Ministério Público Federal (os índios não aceitam negociar sem a presença do MPF). Participarão da reunião também os superintendentes da Casa Civil e Sema, Rômulo Vandoni e Salatiel Araújo, pelo Estado e o prefeito de Sapezal, João César Borges Maggi.
O protesto não é contra o funcionamento das usinas, já que todos os procedimentos estão corretos, com todos estudos aprovados, inclusive com o acompanhamento da Funai e Ministério Público Federal. De acordo com Rômulo Vandoni, os indígenas reclamam da forma de distribuição da compensação financeira para comunidades afetadas com a construção das PCHs. "São cinco etnias envolvidas e três delas estão questionando o valor distribuído por igual tanto para as comunidades mais próximas quanto àquelas mais distantes, isso provocou a revolta das etnias que se sentiram prejudicadas", afirmou Vandoni.
Os índios cobram a realização de um estudo de distribuição paralelo, por parte dos órgãos competentes. Eles querem discutir a forma dessa divisão dos recursos financeiros (compensação), que no caso é repassado para a Funai e depois revertido em benefícios das referidas etnias.
A preocupação no momento é com a segurança das 350 pessoas que estão mantidas reféns, já que o clima na região é tenso. Os índios, segundo Vandoni, receberam as equipes armados com arco e flecha, inclusive atingindo alguns veículos com flechadas. A Polícia Militar acompanha o processo, sem intervir, para evitar um confronto e garantir a integridade dos reféns.
Os trabalhadores das usinas estão sendo mantidos no pátio da empresa. No final da tarde de ontem foi autorizada a entrada de comida para os reféns e a garantia, de que caso seja necessário, será permitida a entrada de ambulância no local.
Rômulo Vandoni acredita numa solução pacífica, embora reforce a necessidade de que todas as autoridades citadas na negociação estejam presentes na reunião de terça-feira. "Nesse primeiro momento de manifestação foram 120 homens e a tensão é grande no local, a promessa é que caso não haja uma solução cerca de 300 índios venham para a região e isso poderá complicar", destacou.
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Só Notícias, 10/12/2007)