A energia a ser gerada pela hidrelétrica de Santo Antônio não muda a avaliação de risco para o curto prazo. O período mais problemático continua sendo o biênio 2009/2010, quando o fornecimento de gás para usinas termelétricas, o ritmo de crescimento econômico e o volume de chuvas serão determinantes para a segurança no abastecimento energético.
A energia do rio Madeira só começa a entrar no sistema elétrico no final de 2012 e, mesmo assim, com apenas duas turbinas, ou 4,5% de sua capacidade total. A hidrelétrica de Santo Antônio só poderá gerar energia com sua potência máxima (3.150 MW) a partir de 2016.
No momento, a situação mais crítica para o abastecimento acontece na região Nordeste. O atraso no início do período de chuvas e o crescimento da demanda por energia levaram os reservatórios das hidrelétricas da região a ficarem com 27% de sua capacidade.
Esse nível é o mais baixo para essa época do ano desde 2003, quando uma seca levou ao acionamento das termelétricas emergenciais do seguro-apagão, que já não existem mais. Para contornar esse risco, as regiões Sudeste e Centro-Oeste estão mandando mais energia ao Nordeste, e uma termelétrica foi ligada para evitar o uso de mais água dos reservatórios.
O risco de falta de energia e perdas financeiras foi usado pelo governo para evitar liminares contra o leilão. A AGU (Advocacia Geral da União) listou entre seus argumentos a necessidade de aumentar a capacidade de geração do país entre 4.000 MW e 5.000 MW por ano para garantir o abastecimento. Disse ainda que um atraso de seis meses na construção custaria R$ 975 milhões. Esse seria o custo da geração termelétrica necessária para suprir a ausência da usina.
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Folha de São Paulo, 11/12/2007)