A direção da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) será recebida no final da tarde de hoje, no Palácio do Planalto, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para discutir uma solução para a greve de fome do bispo de Barra (BA), dom Luiz Flávio Cappio, 61.
Em jejum que completa hoje 14 dias na igreja de São Francisco, em Sobradinho (540 km de Salvador), em protesto contra a transposição das águas do rio São Francisco, d. Luiz disse que ainda acredita em uma solução para a greve de fome: "O Brasil tem muita gente inteligente, não vão deixar para negociar sobre o cadáver de um bispo".
Ontem, ele disse que o governo "fez calar as forças sociais" ao "trair a causa que defendia, tornando-se refém dos grandes", e apoiou as manifestações do MST e da Via Campesina. Segundo ele, tais mobilizações "são importantes para a redescoberta de identidades pelos próprios movimentos sociais".
D. Luiz recebeu ontem a visita do dirigente nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) João Paulo Rodrigues. O líder dos sem-terra anunciou a adesão do movimento à campanha contra a transposição. "O MST entra agora com toda a sua força política nessa luta", afirmou. "Entre Lula e o bispo, ficamos com o bispo. Não queira Lula fazer o teste. A partir de agora vamos iniciar a luta contra as empresas transnacionais e em defesa do rio São Francisco. A briga vai ser boa."
A estratégia do MST é nacionalizar o tema e desenvolver atividades, sobretudo no Rio. Ontem mesmo, nove pessoas iniciaram às 9h, em Campos (RJ), uma greve de fome de 24 horas em solidariedade ao bispo. Três deles são do MST e três da Comissão Pastoral da Terra. Um dos manifestantes é o padre T. G. Fonseca, 83.
Os nove em jejum se reuniram desde cedo na praça São Salvador, a principal de Campos. Ao longo do dia, outros 50 manifestantes permaneceram no local em solidariedade ao bispo e aos manifestantes. Já em São Paulo, o MST planeja realizar amanhã um ato público na praça da Sé.
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Folha de São Paulo, 11/12/2007)