O Brasil saiu satisfeito de um almoço com representantes de países em desenvolvimento para costurar um acordo para criar uma coalizão de nações que estimule a redução do desmatamento. Apesar de não ter chegado a resultados efetivos ou mesmo definir se a articulação existirá, o embaixador extraordinário sobre Mudança do Clima e porta-voz da delegação brasileira na 13º Conferência das Partes sobre o Clima (COP-13), Sérgio Serra, classificou o encontro como "positivo".
A iniciativa da coalizão foi anunciada no domingo (09/12) pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. Serra também afirmou, em conversa com jornalistas brasileiros, que, passada uma semana de negociações, o país está mais flexível quanto às questões mais polêmicas das estratégias para que os países ricos financiem a redução das emissões de gases por desmatamento e para a inclusão da proposta no chamado Mapa do Caminho, que está sendo negociado em Bali.
O diplomata afirmou que o Brasil está aberto à discussão de questões como a compensação por conservação ou degradação de florestas. Até a semana passada, a posição brasileira parecia inflexível quanto a esses temas ou à inclusão de mecanismos de mercado para compensar a redução das emissões por desmatamento. As negociações continuarão até esta terça-feira (11/12) nos grupos de trabalho designados para costurar os acordos antes da chegada dos ministros de Estado, na quarta-feira (12/12).
Quem chegou nesta segunda-feira (10/12) à COP foi o senador norte-americano John Kerry, adversário eleitoral do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, nas eleições de 2004 e forte opositor da atual política de mudanças climáticas adotada pelo país.
Em tom de campanha, Kerry afirmou que aposta em novos rumos para as posições norte-americanas relacionadas ao aquecimento global até 2009, numa referência a uma possível substituição da administração Bush por um membro do Partido Democrata nas eleições presidenciais dos Estados Unidos no próximo ano.
"Os Estados Unidos estão dispostos a estar na mesa [de negociações]. Vamos defender uma mudança significativa nas políticas para enfrentar as alterações climáticas", afirmou Kerry.
Conforme determina o Mapa do Caminho, em 2009 vence o prazo para o estabelecimento de um regime internacional que suceda ao primeiro período do Protocolo de Kyoto. O protocolo prevê que as nações industrializadas devam reduzir, até 2012, as emissões de gases de efeito estufa em aproximadamente 5% abaixo dos níveis registrados em 1990.
Maiores poluidores do planeta, os Estados Unidos são alvos de críticas da comunidade internacional por se recusarem a ratificar o protocolo ou assumir qualquer tipo de compromisso formal para redução de emissões de gases de efeito estufa.
(Por Luana Lourenço, Agência Brasil, 10/12/2007)