Há vários dias em jejum e orações, em protesto ao processo de Transposição das águas do Rio São Francisco, o bispo Diocesano de Barra (Bahia - Brasil), Dom Frei Luiz Flavio Cappio, continua recebendo cartas de solidariedade de diversas partes do mundo. Desta vez, o apoio veio do argentino Adolfo Pérez Esquivel, arquiteto e pacifista, ganhador do Premio Nobel da Paz em 1980.
Na carta enviada ao Frei, o ativista manifesta seu apoio ao protesto e classifica como autoritárias as atitudes empreendidas pelo Governo brasileiro, tais como o envio do exército e a falta de diálogo para resolver os problemas. Segundo ele, isso molesta a convivência democrática e gera incerteza e preocupação à população que necessita do rio.
Ele concorda com o Bispo que existem propostas concretas para garantir o abastecimento de água para toda a população da região semi-árida, referindo-se às ações previstas no Atlas do Nordeste, que foi apresentado pela Agência Nacional de Água (ANA), como as ações desenvolvidas pela Articulação da região semi-árida (ASA).
"Por todo o atuado, evidentemente não existe a vontade política do governo de respeitar a população", destacou. Para o ativista, é necessária a participação do povo e das organizações sociais e igrejas a fim de somar vontades para o bem da população e reclamar ao governo a imediata suspensão das obras, o retiro das forças do exército para abrir uma instância de diálogo, a fim de encontrar soluções conjuntas.
Também em apoio a Dom Cappio, a secretaria continental do Grito dos Excluídos escreveu uma carta destinada à Coordenação Continental do movimento e outras entidades de cada país ligadas ao Grito dos Excluídos, pedindo que enviem manifestações de solidariedade e apoio a Dom Cappio e que també, manifestem sua indignação ao governo brasileiro.
Desde o dia 27 de novembro de 2007, Dom Luiz Flávio Cappio iniciou o jejum e as orações na Capela São Francisco, em Sobradinho (BA). Frei Luiz retoma o protesto depois de dois anos que o presidente Luis Inácio Lula da Silva descumpriu o compromisso assumido em outubro de 2005, de suspender a transposição (desvio) do Rio São Francisco e iniciar um diálogo amplo com a sociedade.
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Adital, 07/12/2007)