A uma semana para a única audiência pública que vai debater o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) da silvicultura, a empresa Votorantim Celulose e Papel (VCP) continua realizando reuniões para apresentar as propostas nessa área às comunidades da região. Essa é a primeira etapa do projeto Losango, que prevê a implantação de uma fábrica de celulose branqueada de eucalipto, cuja sede é disputada por seis municípios e prevê investimentos de 1,3 bilhão de dólares. Promovida pela Fundação de Proteção Ambiental (Fepam), a audiência ocorrerá no Sest/Senat em Pelotas, às 19h do dia 17.
O gerente de Meio Ambiente da empresa, Fausto Camargo, está otimista quanto à aprovação do Estudo sob o argumento de que foi bem elaborado e contou com a participação de técnicos de várias áreas. A VCP destina 5% do lucro líquido para a aplicação em investimentos na área ambiental. Para o próximo ano a empresa pretende aumentar esse percentual para 10%.
As principais resistências ao plantio de eucaliptos, o consumo excessivo de água e o prejuízo a culturas vizinhas, são explicadas no EIA pelo percentual dedicado à conservação e à possibilidade de plantação de culturas temporárias junto com as árvores. Outro ponto relacionado no documento é o impacto da plantação, que facilita a infiltração de água da chuva e não ao contrário, como temem os ambientalistas.
O Estudo possui 2,5 mil páginas, com textos, fotos e outras ilustrações. São seis volumes com argumentos e informações para tentar convencer os técnicos da Fepam de que o plantio de eucaliptos não causará danos ambientais, pois medidas compensatórias são listadas.
O estudo abrange uma área de 200 mil hectares, sendo 110 mil de efetivo plantio (80% áreas próprias e 20% de terceiros). Camargo explica que é de 300 a geração de empregos diretos na silvicultura e de 2,2 mil de indiretos. No programa Poupança Florestal, em mais de 80% das propriedades os plantios previstos de eucalipto ocuparão área inferior a 30 hectares. Na área de cinco milhões de hectares das quatro bacias hidrográficas (Piratini, Arroio Grande, Camaquã e Jaguarão) se situarão 20 mil hectares com eucaliptos.
Isso corresponde a 2,5% de área total das bacias, restando igual recomendação pela manutenção do atual sistema de dispersão dos plantios de eucalipto, evitando a formação de grandes maciços de florestais contínuos. “Por todos os aspectos constantes no Estudo, acreditamos que existe a viabilidade ambiental”, afirma Camargo.
Saiba mais
Audiência pública - Reunião aberta a toda a população com o objetivo de apresentar os benefícios e impactos do empreendimento para a comunidade, meio ambiente e a economia, e recolher dúvidas, sugestões e opiniões dos interessados. É a forma prevista em lei da participação da sociedade no processo de licenciamento ambiental. Após a solenidade de abertura, a VCP e a Poyry (coordenadora do EIA/Rima) farão a apresentação em 60 minutos. Depois, será aberta à manifestação do público, com três minutos para cada um.
EIA - É um estudo multidisciplinar feito para analisar os efeitos do empreendimento nas dimensões ambientais econômicas e sociais. Deve avaliar a viabilidade da locação do empreendimento, atender à legislação e informar a comunidade sobre os possíveis impactos, servindo de instrumento para o licenciamento ambiental.
Rima - É o resumo do EIA, em linguagem acessível para o público.
(Por Luiz Eduardo Baquini, Diário Popular, 10/12/2007)