Jesiane Oliveira da Silva, 5, morreu após parede desabar sobre sua cama; tremor no vilarejo de Caraíbas, em MG, feriu mais 6Todas as construções da comunidade sofreram avaria e 6 casas foram destruídas; tremor atingiu 4,9 pontos na escala Richter
Uma menina de cinco anos se tornou ontem a primeira pessoa a morrer vítima de um terremoto no Brasil. O tremor, que aconteceu no vilarejo rural de Caraíbas, na cidade de Itacarambi (662 km ao norte de Belo Horizonte), deixou outras seis pessoas feridas -duas em estado grave, segundo o governo de Minas Gerais.
De acordo com o Observatório Sismológico da UNB (Universidade de Brasília), o terremoto começou à 0h05, durou cerca de 15 segundos e atingiu 4,9 pontos na escala Richter.
Todas as construções da comunidade tiveram algum tipo de avaria, sendo que seis casas ficaram totalmente destruídas e 69 foram danificadas e estavam sendo esvaziadas, informou a prefeitura local.
A menina Jesiane Oliveira da Silva dormia numa cama com sua irmã gêmea quando o terremoto aconteceu. A parede do quarto onde elas estavam desabou sobre a cama. Jesiane morreu na hora, segundo a prefeitura. A irmã e um outro irmão dela, que também estavam no quarto, ficaram feridos.
As três crianças moravam com a mãe, lavradora, e uma avó, aposentada, disse o prefeito de Itacarambi, José Ferreira de Paula (DEM). Segundo ele, o cenário na comunidade de Caraíbas, formada por pequenos produtores rurais, era de "tristeza e desespero".
"Nenhuma das 75 casas da comunidade ficou inteira. Naquelas que não ficaram destruídas, pelo menos o telhado ou uma parede desabou. As pessoas estavam chorando, havia um descontrole total. Todos estão com medo de um novo terremoto e ninguém mais quer ficar ali", disse ele.
Paula informou que nove caminhões foram enviados para Caraíbas para retirar os cerca de 400 moradores. Eles seriam levados para uma creche em Itacarambi.
O terremoto chegou a ser sentido por pessoas que estavam a dezenas de quilômetros de distância. O professor Vicente de Paula Ferreira, morador de Itacarambi, contou que estava em uma festa quando o fenômeno aconteceu.
"Senti o chão tremer e algumas garrafas que estavam sobre a mesa chegaram a cair no chão. As pessoas ficaram assustadas, todos saíram de suas casas foram para a rua. A minha mulher estava dormindo quando aconteceu e levou um susto muito grande", relatou ele.
Marinalva Mendes, 40, estava no hospital Gerson Dias quando sentiu que as janelas e as portas do quarto balançaram. "Parecia que tinha passado uma carreta pesada. Quando desci para ver o que aconteceu, a enfermeira disse que havia sido um terremoto."
Mendes conta que por volta das 3h30 chegou a criança morta e um casal ferido. "A menina estava toda suja. Disseram que caiu uma parede em cima dela."
(Fábio Amato,
Folha de São Paulo, 10/12/2007)