Dmae admite que áreas nobres deveriam ter tratamento de 4 mil litros de esgoto por segundo, mas números não passam de mil Os porto-alegrenses se orgulham de seus indicadores de qualidade de vida e do pôr-do-sol, considerado um dos mais bonitos do país. Está entre as cidades mais arborizadas, tem um sistema eficiente de coleta seletiva de lixo, escolas públicas que se destacam pela excelência do ensino e uma agenda cultural movimentada. É pólo industrial e de serviços e pleiteia ser referência na América Latina em termos de tecnologia da informação. Mas esqueceu-se de tratar seus esgotos. Apesar de sempre citada quando o tema são os indicadores de qualidade de vida, só 27% do esgoto sanitário produzido é tratado.
Cálculos do próprio Dmae indicam que, dos 40 milhões de litros de água que abastecem a Capital diariamente, cerca de 80% – ou 32 milhões de litros – retornam aos mananciais hídricos em forma de esgoto sanitário. De uma forma ou outra, esses milhões de litros de esgoto vão parar no Guaíba. Um percentual de 27% de esgotos provenientes de zonas regulares periféricas é tratado principalmente em três grandes estações. A maior delas, a Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) São João Navegantes, responde por 15% desses 27%, tratando os dejetos de parte da zona Norte – como os bairros São João, Navegantes e Floresta, a Vila Floresta e parte do entorno do aeroporto. Para a ETE Ipanema, seguem 7% dos esgotos sanitários do extremo Sul da cidade. Ainda nessa zona, a ETE Belém Novo é responsável por quase 5%. A pequena variação resultante é tratada em outras cinco pequenas estações ou similares.
O grande miolo densamente povoado da Capital, que compreende o Centro e as chamadas áreas nobres, como os bairros Moinhos de Vento, Bela Vista e Menino Deus, possui uma rede coletora em separado para o esgoto cloacal. No final, porém, ela acaba jogando os dejetos no Guaíba. Os esgotos do bairro Petrópolis, por exemplo, vão para um emissário que margeia o arroio Dilúvio até a ponta da Cadeia, junto à Usina do Gasômetro, de onde são bombeados para o canal do Guaíba.
'O esgoto da área nobre da cidade não é tratado.
Precisaríamos tratar mais ou menos 4 mil litros por segundo de esgoto em Porto Alegre. Por enquanto, nossa capacidade é de pouco mais de mil litros por segundo', admite o superintendente de Operações do Dmae, Valdir Flores. Para mudar a situação, a prefeitura aposta todas as fichas no Programa Integrado Socioambiental (Pisa), lançado na quarta-feira passada, e que prevê o tratamento de 77% dos esgotos até 2012.
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Correio do Povo, 08/12/2007)