O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, criticou hoje (08/12) a lista de produtos ambientais que teriam tarifas comerciais eliminadas, proposta pelos Estados Unidos e pela União Européia. O etanol não está entre os 43 produtos.
"É uma aberração não incluir o etanol. Não tem uma explicação racional. É praticamente consenso que o etanol, e os biocombustíveis em geral, melhoram muito a situação em relação às emissões de CO2", afirmou.
Uma das respostas para o "injustificável", segundo o ministro, é o fato de a lista não incluir produtos agrícolas, apenas industriais.
"[A rodada ] Doha não diferencia industrial de agrícola, só fala em produtos ambientais. Isso só pode ser alegado por razões protecionistas".
Atualmente, nos Estados Unidos o etanol é taxado em 2,5%, mas está sujeito a barreiras tarifárias de US$ 0,50 por barril, o que de acordo com Amorim, "inviabiliza" a competividade e a entrada do produto no país.
A lista, que segundo o ministro, já passou por uma reformulação para retirar itens, que ele classificou como "absurdos" - como barcos a vela e cadeados - inclui painéis solares e equipamentos para geração de energia eólica, mas deixa de fora insumos para construção de usinas de etanol.
"Colocaram na lista produtos que interessem atendam a interesses deles", disse.
A proposta será negociada no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC), e segundo o ministro, será "uma batalha" tentar incluir o etanol na lista.
Questionado sobre um possível veto ao documento caso o etanol não entre no rol de produtos não tarifados, Amorim afirmou que prefere ser cauteloso. "Sabe aquele ditado que diz que cão que ladra não morde? Deixa eu morder na hora certa, se for o caso", disse.
O chanceler brasileiro participou hoje (8) do primeiro dia de reunião do Diálogo Informal dos Ministros de Comércio sobre Questões de Mudanças Climáticas, evento simultâneo à 13ª Conferência das Partes sobre o Clima (COP-13), em Bali, na Indonésia.
(Por Luana Lourenço,
Enviada especial da Agência Brasil, 08/12/2007)