No quarto dia da Conferência das Partes sobre o Clima (COP-13), o secretário da Convenção-Quadro da Organização das Nações Unidas sobre Mudança Climática (UNFCCC, na sigla em inglês), Yvo de Boer, avalia positivamente os trabalhos, apesar de reconhecer que as questões fundamentais deverão ficar pendentes até a o início da parte ministerial da COP, na quarta-feira (12/12).
Nessa etapa, os negociadores técnicos darão lugar aos ministros de Estado nas decisões. O secretário destacou os resultados das discussões sobre transferência de tecnologia e cooperação, ocorridas nos grupos subsidiários como resultados positivos dos primeiros dias da conferência. "No início, os países mostraram que têm noção da necessidade de urgência nas ações, das mensagens apontadas pelo relatório do IPCC [Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas] e do fato de que Bali realmente precisa mudar o processo daqui em diante", afirmou Boer, que falou ontem (6) à Agência Brasil em rápida conversa nos corredores da COP.
"A redução de emissões por desmatamento e o fundo de adaptação também são temas importantes que eu esperava ver resolvidos antes da chegada dos ministros, mas talvez isso não vá ser possível", comentou.
Em relação ao Brasil, Boer afirmou que o país participa de forma "muito construtiva" das negociações. Ele citou a chamada proposta brasileira e disse que a delegação vem sendo "muito enfática" em defender que o desmatamento é uma parte do problema das emissões mundiais de gases de efeito estufa, e não principal fator.
"Acredito que a delegação brasileira está buscando um melhor entendimento sobre o que eles estão propondo exatamente. Porque, no momento, as pessoas estão falando de conservação de florestas, desmatamento evitado e reflorestamento sustentável como se fossem a mesma coisa", avaliou.
Sobre os possíveis resultados desta COP, Yvo de Boer afirmou que se as negociações em Bali não definirem o "mapa do caminho" – roteiro para definição do futuro regime de mudanças climáticas pós-Protocolo de Quioto – o encontro terá sido "um desastre". "A comunidade científica nos deu o alerta de que temos que agir agora, de que os políticos têm que providenciar uma resposta para a questão [do aquecimento global]", concluiu.
(Por Luana Lourenço,
Agência Brasil, 06/12/2007)