O governo federal quer garantir um índice de nacionalização de 70% nas usinas nucleares que devem ser construídas no País, de acordo com previsão do Plano Decenal do Ministério de Minas e Energia (MME) para até 2030. A informação foi dada quarta-feira (05/12) pelo coordenador da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), José Mauro Esteves dos Santos, em apresentação no Seminário Internacional "Energia Nuclear como Alternativa Sustentável", que acontece no Rio.
Segundo ele, para alcançar este índice, o governo estuda reduzir a potência dos reatores previstos para as seis usinas planejadas, de 1.000 megawatts (MW) para 500 MW. "Acreditamos que uma potência menor poderá facilitar a nacionalização", afirmou.
De acordo com Santos, a idéia é que a maior parte das seis usinas seja instalada no Nordeste, por ser uma "área carente de energia e que não possui gás natural para abastecer novas usinas térmicas". Pelo menos duas delas, no entanto, deverão ser instaladas na Região Sudeste, para complementação da oferta. "Acompanhando a curva de demanda, percebemos que o Brasil utiliza anualmente de 5% a 15% de energia complementar à hídrica. A opção por uso do gás, do carvão ou do urânio é variável, de acordo com o custo de cada combustível. Mas temos percebido que a nuclear tem comparecido com 5% todos os anos", afirmou, defendendo este tipo de energia como alternativa viável ao País.
Como principais argumentos favoráveis à energia nuclear, ele apontou o fato de que o Brasil, juntamente com os Estados Unidos e Rússia, serem os únicos países no mundo a deter a tecnologia completa do enriquecimento de urânio e geração da energia, além de terem reservas estratégicas. Segundo dados da Abin, o país possui hoje a sexta reserva mundial de urânio, com 309 mil toneladas, mas já tem perspectivas de comprovar outras 800 mil toneladas, o que o elevaria para a primeira posição no ranking. "E nós apenas prospectamos apenas 30% do território nacional, o que é um indicativo de que podemos ser muito mais", disse.
Santos ainda destacou o fato de que a energia nuclear, que ainda é vista com ressalvas no mundo todo, ter como principal combustível o urânio que, diferentemente do petróleo, "não está concentrado geograficamente naquela elipse estratégica com problemas geopolíticos do Oriente Médio". "Isso deve facilitar a expansão de seu uso no mundo nas próximas décadas, e o Brasil deverá ser um agente importante neste cenário", considerou.
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A Tarde, 06/12/2007)
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