O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Mohamed ElBaradei, disse ontem (06/12) que considera modestas as pretensões brasileiras de a energia proveniente de centrais nucleares ocupar 5,7% da matriz energética a partir de 2030 - hoje corresponde a menos de 2%. Em conversa com a direção das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), o egípcio disse que o País tem condições de almejar maior participação da energia proveniente das usinas atômicas por "deter tecnologia e matéria-prima".
ElBaradei fez o comentário depois de ouvir os planos do governo brasileiro de ter entre quatro a oito novas usinas até 2030. "O consumo per capita de eletricidade no Brasil corresponde a um terço do consumo nos países desenvolvidos. Ainda há muito a ser feito no Brasil, como vocês sabem. É preciso usar todo tipo disponível de energia - gás, óleo e hidrelétrica", afirmou.
ElBaradei foi a primeira pessoa não ligada ao programa nuclear brasileiro a ter acesso às centrífugas desenvolvidas com tecnologia nacional. ElBaradei chegou no fim da manhã à INB. Depois de cerca de uma hora de reunião, ele visitou as instalações. Perguntado se estava preocupado com os projetos do governo brasileiro de construir novas usinas, respondeu: "De maneira nenhuma. Temos visto grande expansão no mundo do uso de energia nuclear, tendo em vista a preocupação com as mudanças climáticas e competição por petróleo. Sem energia não há desenvolvimento. Temos que entender que energia nuclear, de muitas maneiras, produz independência".
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O Dia, 06/12/2007)